Discute as contribuições das competências e habilidades emocionais, identificadas no trabalho de enfermeiras e enfermeiros.
A Educação Emocional e o ensino de suas competências e habilidades tem sido tema de crescente interesse nas investigações científicas, principalmente no contexto do ensino, em seus diferentes níveis, porém são poucas as produções no âmbito da área da formação em saúde e de enfermagem. Os trabalhos que se relacionam à Educação Emocional, no campo da formação profissional em saúde, ainda são incipientes.
O Ministério da Saúde (MS) vem desenvolvendo estratégias contribuindo na reorientação do modelo de atenção à saúde, a exemplo da implementação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) criado em 1991 e do Programa Saúde da Família (PSF) em 1994, que foi reconhecido, em 1998, como Estratégia Saúde da Família (ESF). Além da implementação de outras políticas, programas e estratégias instituídas, além da organização das Redes de Atenção à Saúde (RAS), tendo a Atenção Primária Saúde (APS) como ordenadora do cuidado.
As RAS são arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão. Buscam garantir a atenção contínua, cuidado integral e humanizado, bem como incrementar o desempenho do Sistema, em termos de acesso, equidade, eficácia clínica e sanitária; e eficiência econômica.
Dentre as competências do Sistema Único de Saúde (SUS) está previsto “ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde”. A Lei Orgânica da Saúde, que dispõe sobre as condições para a organização e funcionamento dos serviços de saúde, no Art. 27, ao tratar dos Recursos Humanos para a saúde, determina que o SUS deve formalizar e executar a coordenação de um sistema de formação e gestão de pessoas em todos os níveis de ensino, inclusive de pós-graduação, além da elaboração de programas de permanente aperfeiçoamento de pessoal.
A ordenação da formação dos profissionais de saúde tem como referência as necessidades sociais em saúde, de modo a fortalecer o mundo do trabalho e a atuação técnica, política e cidadã dos profissionais com visão crítico-reflexiva, comprometida com a ressignificação das práticas e inovações.
No que concerne ao processo educativo, deve-se reconhecer o seu potencial transformador e de empoderamento dos sujeitos e, na perspectiva Freireana, deve se desenvolver com construtivismo, amorosidade, afeto, participação e compartilhamento de saberes.
A educação, portanto, é capaz de transformar e desenvolver o ser humano, e ao ser exercida com liberdade, favorece o sentimento de solidariedade, viver comunitário, amor e respeito entre as pessoas. E embora se tenha essa concepção, o que se observa são professores e educandos vivendo uma fase marcada por dificuldades, incertezas e ausência de valores humanistas.
Durante muitos anos, os aspectos cognitivos racionais do educando foram supervalorizados, em detrimento do conhecimento subjetivo. E mesmo reconhecendo a importância do paradigma cognitivo racional para o avanço do conhecimento científico e tecnológico, é imperativo considerar a necessidade de equilíbrio entre razão e emoção; assim sendo, devemos buscar compreender a Educação Emocional como contribuição ao processo de ensino-aprendizagem, ao mesmo tempo em que favorece o equilíbrio entre aspectos cognitivos racionais e emocionais do educando.
A Educação Emocional consiste em um processo de construção humana que se dá no decorrer da vida, de forma integrada, tendo em vista o bem-estar subjetivo. É um processo de desenvolvimento de competências e habilidades que proporcionam a identificação das situações pessoais ou em outros sujeitos, provoca o desencadeamento de emoções e amplia o sentido de automotivação diante da vida profissional e pessoal.
A Educação Emocional se propõe à busca do equilíbrio do sujeito frente a distintos problemas sociais, tais como o estresse emocional e a ansiedade, e pode funcionar como um instrumento pedagógico de grande relevância para minimizar esses entraves sociais e educacionais. Para Morin esta educação deveria mostrar e ilustrar o destino multifacetado do humano, o qual classifica como o destino da espécie humana, individual, social e histórico, entendendo que estes devem estar entrelaçados e inseparáveis.
É fundamental a inserção da Educação Emocional em todas as áreas de formação e, em particular, na formação de enfermagem, reconhecendo que é preciso avançar e compreendê-la, apropriando-se das competências e habilidades emocionais, não como um complemento da educação cognitiva, mas como face da formação humana, constituindo-se organicamente como um elemento importante e indispensável no processo de formação e desenvolvimento pessoal e profissional.
Diante do exposto, objetivou-se discutir as contribuições das competências e habilidades emocionais, identificadas no trabalho de enfermeiras e enfermeiros para a qualificação do cuidado integral, afetuoso e humanizado ao indivíduo, família e comunidade.