Descreve a frequência de suspeição de distúrbios psíquicos menores e os sintomas em trabalhadores de Enfermagem de um hospital psiquiátrico.
O conceito de distúrbios psíquicos menores (DPM) desenvolveu-se na década de 1970, por meio de pesquisas sobre o adoecimento mental no âmbito da Atenção Primária à Saúde, cuja expressão se refere a um conjunto de sintomas não psicóticos, entre os quais insônia, fadiga, irritabilidade, esquecimento, dificuldade de concentração e queixas somáticas. Tais sintomas acarretam intenso sofrimento psíquico e podem estar associados à diminuição da capacidade para o trabalho e ao absenteísmo por doença, sendo um importante problema de saúde pública.
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), existe um elevado porcentual de DPM em trabalhadores das mais diversas áreas, dentre elas a da Saúde, em decorrência do estresse laboral. Considerando que os trabalhadores de Enfermagem compõem de forma expressiva o contingente de profissionais da rede de saúde do Brasil, é relevante pesquisar a suspeição de DPM nesse grupo, pois se trata de uma categoria cujo trabalho é baseado em inúmeras atividades que mantêm relação com outros profissionais e, geralmente, desenvolvidas sob alta pressão por conta das demandas cognitivas e psicomotoras decorrentes de seu cumprimento.
Apesar de a Reforma Psiquiátrica ter contribuído para a criação dos novos dispositivos de cuidado em saúde mental, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), as Residências Terapêuticas (RT) e outras modalidades de atendimento, persiste a necessidade de internação de pacientes com quadros psiquiátricos graves em hospitais psiquiátricos. Dentre as categorias profissionais que atuam nesse ambiente, a Enfermagem é uma das mais expostas ao risco de adoecimento em função das cargas físicas e psíquicas do trabalho, diante da necessidade de observação contínua e de intervenções em pacientes com quadros de agitação psicomotora e riscos de fuga, automutilação, suicídio e outras emergências psiquiátricas.
Os trabalhadores de saúde mental no País enfrentam uma série de condições adversas no trabalho em virtude do déficit de pessoal e da insuficiência de recursos materiais e de infraestrutura. Há também problemas relativos aos vínculos empregatícios temporários e aos que dizem respeito à comunicação entre as equipes e os serviços substitutivos que compõem a rede de atenção psicossocial no País. Outros fatores que podem acarretar o sofrimento no trabalho são as características dos usuários atendidos nos serviços em que se evidenciam baixo poder aquisitivo, condições de vida impróprias e o fato de essas pessoas residirem em áreas marcadas pela violência. A produção científica sobre a saúde dos trabalhadores que atuam nos serviços de psiquiatria no País, apesar da inquestionável relevância, ainda é escassa.
Identificou-se que, apesar de haver produção de artigos sobre os transtornos mentais comuns em várias áreas e grupos humanos, inclusive na Enfermagem, há incipiência de estudos com a participação de trabalhadores da Psiquiatria. No intuito de refletir sobre aspectos voltados para a prevenção do estresse psicossocial e a promoção da saúde mental nessa parcela de trabalhadores, o presente estudo teve como objetivos descrever a frequência de suspeição de distúrbios psíquicos menores e os sintomas em trabalhadores de Enfermagem de um hospital psiquiátrico.