No estudo mais completo sobre medidas profiláticas para a doença, pesquisadores de 16 países analisam a eficácia desses métodos na redução do índice de contaminação.
O periódico científico The Lancet publicou artigo mais completo até agora sobre a eficácia do distanciamento social, do uso de máscaras e da proteção dos olhos na prevenção ao novo coronavírus. A equipe, parcialmente financiada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), contou com profissionais de 16 países que analisaram 172 estudos observacionais já publicados sobre a disseminação da Covid-19, da Sars e da Mers.
Os cientistas observaram que manter uma distância de mais de 1 metro de outras pessoas realmente está associado a um risco de apenas 3% de contrair a infecção. Quando esse espaço é menor que um metro a probabilidade de contágio sobe para 13%. A modelagem também sugere que para cada “metro extra” de distância (até o limite de 3 metros) a chance de contaminação pode cair pela metade.
O artigo publicado no The Lancet também evidencia que usar óculos ou aqueles escudos protetivos para os olhos está associado a um risco 6% menor de infecção pelo novo coronavírus (6%). Quem não usa qualuqer proteção ocular, está 16% mais propenso a ser contaminado.
A análise evidenciou a importância das máscaras na prevenção de Covid-19. Como explicam os cientistas no estudo, o risco de infecção ou transmissão ao usar o acessório é de 3%; sem ele, esse índice sobe para 17%. Além disso, segundo a pesquisa, a máscara de pano bem projetada deve ter tecido resistente à água, várias camadas e bom ajuste facial.
Já para os profissionais de saúde, as máscaras N95 e outras do tipo respirador estão associadas a uma maior proteção contra o Sars-CoV-2 do que as cirúrgicas e similares. Para o público em geral, esses acessórios específicos também parecem ser mais efetivos. Entretanto os autores observam que eles só são necessários para quem tem contato direto e constante com o vírus, como médicos, enfermeiros e outros profissionais que lidam diariamente com pacientes diagnosticados com a Covid-19.
A professora Raina MacIntyre, da Universidade de New South Wales. Na Austrália, que não participou do estudo, escreveu em um comentário (também publicado no The Lancet) que a pesquisa deve levar a uma revisão de todas as diretrizes que recomendam máscaras descartáveis para médicos e enfermeiros. “Embora ofereçam proteção, a saúde e a segurança dos profissionais devem ser a mais alta prioridade”, relatou.
A equipe acredita que seu estudo destaca a importância do distanciamento social para ajudar a “achatar a curva” de infecções pelo Sars-CoV-2. Além de evidenciar a importância de medidas profiláticas relacionada à higiene. “Ainda assim, as pessoas devem compreender que usar máscara não é uma alternativa ao distanciamento físico, à proteção ocular ou às medidas básicas, como higiene das mãos”, pondera Derek Chu. Um dos autores. Em declaração à imprensa.
O cientistas também esperam poder auxiliar na tomada de decisões de governos e comunidades ao redor do mundo. De acordo com Karla Solo. Coautora da pesquisa. “Este é o primeiro estudo a sintetizar todas as informações diretas da Covid-19”, afirmou, em comunicado. “Portanto, fornece as melhores evidências atualmente disponíveis sobre o uso otimizado dessas intervenções comuns e simples.”