Diálogos Entre Processos Formativos e a Prática em Enfermagem

24 de novembro de 2021 por filipesoaresImprimir Imprimir

Avalia, junto aos egressos, a articulação entre processos formativos e a prática profissional, mediante as orientações das Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Enfermagem.


Pesquisa com objetivo de avaliar, junto aos egressos, a articulação entre processos formativos e a prática profissional, mediante as orientações das Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Enfermagem no estado do Rio Grande do Norte.

Diálogos Entre Processos Formativos e a Prática em Enfermagem

Diálogos Entre Processos Formativos e a Prática em Enfermagem. Foto: Divulgação

Trata-se de um estudo exploratório, transversal, descritivo e inferencial de abordagem quantitativa e qualitativa. Participaram enfermeiros egressos de oito Instituições de Ensino Superior (IES) e inscritos no Conselho Regional de Enfermagem do estado no período correspondente de 2014 a 2016.

A amostra foi probabilística e estratificada com alocação proporcional por IES. A coleta de dados ocorreu entre agosto de 2017 a março de 2018. Os dados quantitativos foram coletados mediante aplicação de questionários estruturados, destes, 174 foram utilizados nas análises da estatística descritiva e inferencial. Os dados qualitativos foram obtidos em 15 entrevistas semiestruturadas e submetidos à técnica de análise de conteúdo na modalidade lexical. Na análise quantitativa, identificou-se associação estatística entre a natureza jurídica da IES e seis variáveis da caracterização, após realização do teste qui-quadrado. Quanto à formação segundo as orientações das DCN, os egressos avaliaram negativamente: a participação discente na construção do projeto pedagógico do curso, o preparo na administração de conflitos na equipe de saúde; a condução da formação de outros profissionais de saúde; a utilização de dados e ferramentas na pesquisa profissional e a articulação entre as atividades de ensino, pesquisa e extensão.

Já os itens melhor avaliados, foram: a dimensão ética e humanística; o desenvolvimento de ações de promoção, prevenção e reabilitação de acordo com as necessidades individuais e coletivas; a diversidade de cenários de práticas e estágios e a dimensão assistencial nos diferentes ciclos de vida. Após a realização do teste Mann-Whitney entre os itens das dimensões avaliadas e a natureza jurídica das IES, foram encontradas diferenças estatisticamente significativas em 4 itens: articulação entre ensino, pesquisa e extensão; oportunidades de atividades de monitoria, extensão e iniciação científica; conhecimento sobre a estrutura social e sua influência para a organização da enfermagem e articulação do projeto pedagógico do curso com as DCN da Enfermagem. Sendo assim, é possível afirmar que, em relação a estes aspectos, a formação em IES públicas foi melhor avaliada comparada à formação ofertada pelas IES privadas.

Na análise qualitativa, as entrevistas foram transformadas em um único corpus textual e submetidas ao tratamento da Classificação Hierárquica Descendente (CHD), obtendo retenção de 84,20%. Da CHD resultaram duas categorias analíticas, a primeira subdividida em: três classes (1, 4 e 5) e a segunda em duas classes (2 e 3). As classes 1, 4 e 5 abordaram os desafios da formação em enfermagem frente ao mercado de trabalho. Na classe 1, entre as fragilidades apresentadas estão: a formação clínica hospitalar, a abordagem da liderança/gerenciamento e o planejamento em saúde. A classe 4 abordou questões didático-pedagógicas como: o papel do professor/mediador na construção do conhecimento, a organização de disciplinas e carga horária e a qualidade da infraestrutura de laboratórios e bibliotecas ofertadas pelas IES. Já o tema gerador da classe 5 foi a importância da formação na realidade dos serviços de saúde, rompendo com a dicotomia histórica entre teoria e prática à medida que avança na articulação entre ensino/serviço e comunidade. As classes 2 e 3 conversam sobre o papel das instituições formativas na reorientação e no fortalecimento do ensino em Enfermagem. Para tanto, os egressos sugerem melhorar o estímulo da dimensão científica e política na formação, como disparador de mudanças significativas na profissão da enfermagem e, consequentemente, na sua prática profissional. Sugerem também o aumento na oferta de atividades curriculares não obrigatórias tais quais: monitoria, atividades extensionistas, estágios não obrigatórios e pesquisas. Além disso, apontam a necessidade de ampliação das parcerias, principalmente junto à iniciativa privada, bem como o incentivo ao empreendedorismo e à busca pela cooperação e participação no ensino de entidades representativas da classe.

Portanto, avaliar os elementos da formação em enfermagem se faz necessário, tendo em vista que refletirá na inserção do enfermeiro no mercado de trabalho em saúde. Destarte, a formação não deve estar a serviço da necessidade mercadológica, porém, é imprescindível a existência de um diálogo, de modo que a educação superior possa contribuir para formação de profissionais com perfil ético/político, capazes de exercerem seus direitos de cidadania na busca por direitos assegurados e condições de trabalho para o desenvolvimento de suas funções produtivas.

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