Em âmbito nacional, o câncer de mama é o primeiro mais incidente nas mulheres. Em 2020, a estimativa foi de 66.280 casos novos, representando uma taxa de incidência de 43,74 casos por 100.000 mulheres.

O rastreamento precoce tem a finalidade de identificar lesões sugestivas de câncer e encaminhar as mulheres para diagnóstico e tratamento, com isso, ofertar maior sobrevida. O tratamento clínico varia de acordo com o estadiamento da doença, as características biológicas, bem como, as condições da pessoa (idade, status, menopausa, comorbidades). O plano terapêutico pode se constituir de tratamento local, como cirurgia, radioterapia e reconstrução mamária ou tratamento sistêmico, representado por quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica.

O procedimento de mastectomia pode contribuir para o surgimento de dificuldades na relação interpessoal, afetiva, sexual, e, consequentemente, na qualidade de vida (QV) das mulheres. A QV está conectada na condição de que estas possam viver de forma plena os hábitos de vida, convivência harmoniosa com os familiares e principalmente, aceitando a si própria. A vivência com esta condição tende a provocar incertezas nas mulheres.

O controle do câncer de mama no âmbito assistencial está alinhado com a Política Nacional de Atenção Oncológica (PNAO) e a Política Nacional de Controle do Câncer de Mama. Essas iniciativas governamentais indicam investimento orçamentário no processo de ampliação das redes de atenção em oncologia pública, ou aquelas em associação com o Sistema Único de Saúde (SUS), com foco no atendimento integral às mulheres acometidas por neoplasia de mama.

Em contrapartida, a sociedade civil organizada cria opções que fornecem apoio às mulheres vitimadas pelo câncer de mama, através da abertura de espaços físicos que lidam com serviços de atenção biopsicossocial, as chamadas Organizações Não Governamentais (ONGS), localidade de suporte às mulheres em processo de adoecimento, bem como meio capaz de resgatar o bem-estar individual e coletivo.

Analisar a repercussão da neoplasia mamária, mastectomia e a contribuição do diagnóstico de Enfermagem nessa área fundamenta a relevância da pesquisa, pois suscita a necessidade de incorporação do processo de Enfermagem nos mais diversos âmbitos e níveis do cuidado. A assistência pautada em diagnósticos de enfermagem pode ser mais resolutiva às mulheres que possuem essa condição de saúde, ao passo que culmina na integralidade do cuidado para o controle da doença e/ou a reabilitação física, emocional e social das mulheres de acordo com as diretrizes que preconiza o SUS, o Plano Nacional de Assistência Integral à Saúde da Mulher, do Pacto pela Vida e da Política Nacional de Atenção Oncológica.

Assim, cabe enfatizar que o enfermeiro deve ser um agente ativo, transformador e cooperativo na desmistificação do câncer para a mulher, permitindo-a restaurar- -se com qualidade de vida. Desta forma, os resultados em tela podem proporcionar aos enfermeiros reavaliar se as suas práticas cuidativas a este público e a sua concordância com as políticas públicas existentes, principalmente, as baseadas em evidências científicas.

Considerando os índices do câncer de mama no Brasil, entendendo as repercussões negativas trazidas pela enfermidade e consequentemente à mastectomia, bem como, compreendendo a importância da realização do diagnóstico para subsidiar a sistematização da assistência de Enfermagem e assim, intervir nas condições clínicas e emocionais das mulheres, este estudo teve como objetivo: descrever diagnósticos de Enfermagem baseados nos discursos de mulheres sobre a repercussão do câncer mamário e mastectomia.