Os avanços terapêuticos garantiram a melhora na condição clínica dos pacientes com IC, porém a síndrome ainda é considerada um grave problema de saúde pública com alta morbidade e mortalidade. Dados recentes relatam que aproximadamente 23 milhões de pessoas têm IC no mundo, e a doença representa a principal causa de internação em pacientes com mais de 60 anos de idade no Brasil.

Algumas projeções sugerem que a prevalência de IC aumentará 46% de 2012 a 2030, o que resultará em mais de 8 milhões de pessoas com mais de 18 anos sendo afetadas. Esse fato pode ser justificado pelo aumento da expectativa de vida da população, melhora na melhor terapia que está sendo utilizada e aumento da sobrevida.

Um ensaio clínico realizado nos Estados Unidos indicou melhora terapêutica com o uso de medicamentos específicos, associados a medidas não farmacológicas para tratamento, com orientação de uma equipe multiprofissional. No entanto, um outro ensaio clínico que utilizou telemonitoramento para reduzir as reinternações por IC alertou que o uso combinado dessas ações terapêuticas pode não ter o efeito clínico desejado quando diretrizes educacionais claras, objetivas, sucintas e específicas não forem fornecidas ao paciente.

Portanto, a educação em saúde tem sido utilizada como medida terapêutica não farmacológica para alcançar a melhora clínica desejada dos pacientes. Para garantir sua aplicabilidade e eficiência, devem ser oferecidas ferramentas aos pacientes e familiares para consulta sempre que precisarem esclarecer quaisquer dúvidas. A prática educacional consiste principalmente no apoio multiprofissional, apresentando aos pacientes e cuidadores aspectos que influenciam diretamente o prognóstico pior ou melhorado do paciente.

Tais aspectos incluem informações sobre causas da IC, características do tratamento, potencial de progressão clínica e a importância do autocuidado diário (peso corporal, atividade física, cuidados alimentares, uso regular de medicamentos, monitoramento de sinais e sintomas de descompensação, como piora da fadiga, alterações de peso limitação funcional). Nessa perspectiva, as cartilhas educativas têm sido utilizadas como forma eficaz para apoiar as diretrizes sobre terapias, cuidados e prevenção. O material bem organizado, com informações acessíveis e esclarecedoras, proporciona: melhoria do conhecimento e satisfação do paciente, desenvolvimento de atitudes e habilidades, autonomia, adesão (individual e familiar) ao tratamento, e permite que os pacientes entendam como suas próprias ações influenciam seu padrão de saúde.

Este estudo justifica-se pelo fato de que a principal causa de internação por IC é a baixa adesão à terapia básica, reforçando a necessidade de educação em saúde e desenvolvimento do autocuidado nesses pacientes, e fornecendo suporte para recuperação, manutenção e melhor qualidade de vida. Uma cartilha educativa fornecida durante a internação do paciente ajudaria após a alta, se contivesse diretrizes da IC e mudanças necessárias nos hábitos de vida? Este estudo teve como objetivo criar e validar uma cartilha educativa para uso por pacientes com IC, para responder a essa pergunta.