Um guia para quem também concorda que empatia e acolhimento podem salvar vidas e tornar a sociedade mais humana.
Dar o primeiro passo nunca é fácil para quem tem depressão. A conversa pode ser ensaiada inúmeras vezes dentro da mente, mas, no fim das contas, acaba sendo adiada. No começo, os sentimentos ruins vão e voltam; momentos bons até aparecem, mas os dias ruins prevalecem. Às vezes, há um sentimento de culpa, ou falta prazer naquela atividade que antes era divertida.
O sono fica instável: algumas pessoas passam noites em claro, outras dormem demais. Quase sempre, faltam disposição, motivação, energia. E, com esse turbilhão interno, não é mesmo simples falar sobre isso ou pedir ajuda.
Para quem nunca teve depressão, é difícil entender o que acontece com quem sofre com a doença. Segundo os manuais médicos, o transtorno tem uma vasta gama de sintomas. Sentir-se deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, é um sinal de alerta. A falta de interesse ou de prazer em todas (ou quase todas) as atividades, também.
A depressão está longe de ser frescura, exagero ou falta de força de vontade. Quem sofre com ela não se faz de vítima e não consegue, simplesmente, “dar uma animada” por conta própria. Essas concepções, aliás, fazem parte de uma mentalidade construída ao longo de décadas e reforçam o estigma em torno da saúde mental, muitas vezes decorrente da falta de entendimento correto da doença. Com medo do julgamento, de ser um fardo ou de não ser acolhida, a pessoa com depressão não inicia a conversa. Seu pedido de ajuda nem sempre é óbvio.