Identifica produções científicas sobre os cuidados paliativos com crianças cardiopatas hospitalizados.
No Brasil, cerca de seis milhões de crianças nascem por ano, das quais aproximadamente 45 mil são portadoras de alguma anomalia cardíaca; entretanto, a grande maioria não tem acesso a tratamento cirúrgico ou clínico, sabendo-se que 80% são portadoras de cardiopatias congênitas e necessitam ser submetido à cirurgia cardíaca até o sexto mês de vida.
As cardiopatias congênitas são anomalias que derivam de uma alteração no desenvolvimento embrionário da estrutura cardiovascular ou da incapacidade desta de se desenvolver totalmente. Foram identificadas a partir do século XVII, mediante relatos ocasionais que procuravam correlacionar os sintomas clínicos com descobertas de autópsia.
A etiologia da Cardiopatia congênita é em muitos casos idiopática, no entanto, sabe-se que fatores relacionados ao período do pré-natal possui o aumento da sua incidência como: diabetes materno, o uso de drogas teratogênicas, a história familiar de Cardiopatia congênita, Rubéola e outras infecções durante a gestação.
Quanto à mortalidade desta condição congênita, representa de 3% a 5% das mortes no período neonatal. Estimativas relatam que aproximadamente 20% a 30% das crianças morrem no primeiro mês de vida por insuficiência cardíaca ou crises de hipóxia.
As crianças cardiopatas congênitas geralmente são pacientes crônicos, que mesmo após a cirurgia corretiva, necessitam de um acompanhamento clínico pelo resto de sua vida, demonstrando a necessidade durante a internação de uma assistência diferenciada para que ela e sua família sintam-se acolhidos e seguros dentro da unidade hospitalar.
Diante disso, devido ao fato de que nem todas as anomalias cardíacas são corrigidas com a cirurgia, existe a necessidade de oferecer a esses pacientes pediátricos cuidados paliativos, representando um conjunto de ações que visam promover uma assistência integral, centralizada nas necessidades do paciente e sua família, realizando cuidados embasados no respeito, nas necessidades especiais e nos conhecimento dos valores familiares, estabelecendo uma relação que proporcione conforto ao ser cuidado.
No contexto familiar, o adoecimento que acomete a criança faz com que a família se desestruture e também adoeça, pois percebe o risco da perda de um ente querido, além de se sentir impotente diante das necessidades do mesmo, o que na maioria dos casos é estabelecida uma relação marcada pela angústia e tristeza entre ambos.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) os cuidados paliativos têm como definição “medidas que aumentam a qualidade de vida de pacientes e seus familiares que enfrentam uma doença terminal, através da prevenção e alívio do sofrimento por meio de identificação precoce da doença, avaliação correta, tratamento de dor e outros problemas físicos, psicossociais e espirituais”. Os cuidados paliativos vão além de cuidados no estágio terminal de uma doença e abrangem todo contexto que diz respeito ao paciente, atingindo seu âmbito familiar, biológico, psicológico e social, que trabalham de forma harmônica.
Com o intuito de promover os devidos cuidados paliativos, as instituições hospitalares preconizam a presença de uma equipe multidisciplinar composta por enfermeiros, médicos, fisioterapeutas, psicólogos e terapeutas ocupacionais. Sendo o preparo destes profissionais para lidar com o processo morte-morrer fundamental para a promoção do bem-estar do paciente e familiar.
Explica-se especificamente, diante desta premissa, que os cuidados paliativos em pediatria, compreendem o cuidado ativo e total prestado à criança nos domínios físico, emocional, intelectual e espírito, tal como o acompanhamento do seu familiar, desde o início do diagnóstico da doença, aliviando o sofrimento físico, psicológico, social e espiritual, bem como oferecendo suporte familiar, durante todo processo.
Os resultados dos cuidados paliativos vão além do controle dos sintomas e da melhora de qualidade de vida do paciente e seus familiares, pois em conjunto com o tratamento convencional tem um efeito positivo em todo ciclo familiar.
Diante desta premissa, o enfermeiro é coadjuvante, é realizada a assistência individualizada do cliente em cuidados paliativos e sua família por meio de coleta de dados, da identificação de problemas, e do planejar e implementar ações de enfermagem, e também nas propostas de tomadas de decisões que envolvem a equipe multiprofissional, baseando-se em avaliações, possibilitando um plano de cuidados ao paciente paliativo promovendo higiene, conforto, alimentação, monitorização e cuidados gerais ao paciente e seus familiares.
Assim, o enfermeiro oferece um sistema de suporte para apoiar os pacientes a viver ativamente até a morte e para ajudar os familiares a adaptarem-se durante o processo doença e após a morte do doente.
Neste contexto, identificou-se a necessidade de desenvolver o tema com crianças cardiopatas, frente à lacuna na literatura nacional e internacional que envolve a criança cardíaca hospitalizada em cuidados paliativos, a relação com a assistência de enfermagem específica e a repercussão causada com profissionais de saúde, na família e na sociedade despreparada para a temática escolhida. Diante deste contexto pergunta-se: “Há produção científica que abordem os cuidados paliativos com crianças cardiopatas hospitalizadas?” Diante disso, o objetivo deste estudo foi identificar produções científicas sobre os cuidados paliativos com crianças cardiopatas hospitalizadas.