Cuidados à Mulher Que Vivencia o Óbito Fetal: um Desafio Para Equipe de Enfermagem

20 de agosto de 2024 por filipesoaresImprimir Imprimir

Plano de Cuidados de Enfermagem à mulher que vivencia o óbito fetal.


Pesquisa qualitativa, convergente assistencial com objetivo de construir em conjunto com a equipe de enfermagem um Plano de Cuidados de Enfermagem à mulher que vivencia o óbito fetal.

Os conceitos e pressupostos de Paulo Freire, da Teoria da Adaptação de Sister Callista Roy e do processo de enfrentamento da morte e do morrer de Elizabeth Kübler-Ross fundamentaram a investigação. Foi desenvolvida em uma maternidade de um hospital público no sul do Brasil, com 23 profissionais da equipe de enfermagem.

A coleta de dados deu-se em novembro de 2014, e em abril e maio de 2015, a partir de uma prática educativa com a equipe de enfermagem, e foi dividida em seis momentos, dois à distância e quatro presenciais. As etapas à distância buscaram despertar o interesse sobre o processo de morte e morrer no cotidiano dos profissionais no contexto da maternidade, e as etapas presenciais proporcionaram rodas de conversa e momentos críticos reflexivos dos profissionais sobre a temática. Os encontros foram gravados, audiotranscritos e posteriormente analisados seguindo as etapas de apreensão, síntese, teorização e transferência. O registro foi feito através das notas de discussão em grupo e notas do diário.

Os resultados obtidos foram apresentados de formas distintas. Inicialmente um manuscrito apontou as dificuldades enfrentadas pela equipe de enfermagem no atendimento à mulher que vivencia o óbito fetal, descrevendo a árdua tarefa de lidar com a morte na maternidade, apontando as falhas na comunicação entre o profissional e a mulher, a necessidade de implementação das boas práticas obstétricas no trabalho de parto e parto, além da lacuna na educação dos profissionais da enfermagem para o enfrentamento da situação. Em seguida foram apresentados o produto da Dissertação, que constou de um Plano de Cuidados de Enfermagem à mulher que vivencia o óbito fetal, sendo descritos e justificados os cuidados necessários a cada fase da passagem da mulher pela maternidade, visando a humanização e a integralidade do cuidado. Também foram elaborados os fluxogramas de atendimento à mulher que vivencia o óbito fetal.

Esta pesquisa possibilitou, a partir da ação-reflexão- ação, perceber as mudanças necessárias para o bem cuidar da mulher. Foram apontadas dificuldades importantes na comunicação entre a enfermagem e as mulheres e no acompanhamento do trabalho de parto, parto e puerpério, em especial a não utilização de métodos para alívio da dor, e a falta de estímulo para a deambulação e a livre posição de trabalho de parto e parto. Os profissionais também apontam falhas estruturais e organizacionais da instituição que acabam expondo a mulher a choro de recém nascido, fotos e cheiro de bebês. A organização, a humanização dos cuidados de enfermagem e uma equipe qualificada específica para prestar cuidados à esta mulher, podem melhorar a relação de vínculo com a mulher e auxiliar na elaboração do luto. Por fim, são necessárias futuras pesquisas que abordem a percepção das mulheres e dos profissionais sobre a efetivação destas mudanças e as necessidades de novas adequações.

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