Cuidado Transicional de Enfermeiras ao Idoso Com Marcapasso Artificial

3 de dezembro de 2021 por filipesoaresImprimir Imprimir

Explica como ocorre o cuidado transicional de enfermeiras ao idoso com marcapasso artificial.


Estudo do Ministério da Saúde indica que aproximadamente 33% das mortes são causadas por doenças cardiovasculares (DCV).Esses números se tornam ainda maiores se considerarmos a população idosa. Após os 60 anos, alterações das propriedades eletrofisiológicas são evidentes, aumentando a ocorrência de arritmias, disfunções sinusais, bloqueio atrioventriculares e maior incidência de implantação de marcapassos.

Cuidado Transicional de Enfermeiras ao Idoso Com Marcapasso Artificial

Cuidado Transicional de Enfermeiras ao Idoso Com Marcapasso Artificial. Foto: Divulgação.

A estimulação artificial é padrão de atendimento em condições cardíacas diversas, com eficácia para melhorar a sobrevida. Essa estimulação, além de salvar a vida, permite que os pacientes atinjam uma qualidade de vida (QV) compatível com a média da população.

Os impactos do uso de marcapasso (MP) podem ser tanto de origem física quanto psicológica, requerendo a ressignificação da rotina e reorganização de ações e pensamentos. Dentre as mudanças de comportamento mais comuns que emergem esse processo, estão a resistência à implantação do M P, a desconfiança em relação à resolutividade, medo permanente da morte, ideia de um coração fraco que tornará a vida dependente de um aparelho, bem como busca de uma explicação para sua condição adversa de saúde, baixa autoestima e depressão.

O implante de MP insere os indivíduos no contexto do cuidado hospitalar. Nessas circunstâncias, a pessoa idosa com limitações inerentes à senilidade passa a necessitar de um suporte da equipe de saúde, contemplando cuidados transicionais para atender à nova realidade. Esses cuidados são necessários, pois diminuem novas hospitalizações e otimizam o processo saúde-doença.

Cuidado transicional

O cuidado transicional se configura em ações que garantem a coordenação e continuidade da assistência a saúde, na transferência de pacientes entre diferentes serviços de saúde ou unidades de um mesmo local. Ele tem sido destacado como uma das formas de superar a fragmentação da atenção e garantir a continuidade dos cuidados.

A alta hospitalar requer planejamento, preparação e educação em saúde do paciente e da família, principalmente de idosos e pessoas com doenças crônicas, os quais têm necessidades de saúde persistente e contínua. Contudo, as orientações de alta, por vezes, são realizadas de forma mecânica e apressadas, sem considerar as condições e necessidades de cada paciente, frequentemente fornecidas no momento da saída do hospital.

A insegurança e a dúvida permeiam a nova rotina desses idosos quanto à terapêutica, repouso e retorno de suas atividades habituais. Nesse contexto, as ações de enfermagem podem contribuir para minimizar esse revés.

O cuidado de enfermagem dispõe de mecanismos que viabilizam e garantem a qualidade da assistência ao paciente. Além disso, propicia melhora da comunicação entre equipe e paciente. Nesse sentido, a elaboração do plano de alta pela enfermeira deve ser iniciada durante a admissão hospitalar, haja vista que o processo de enfermagem não ocorre de forma linear e sim inter-relacionada.

Sistematização da Assistência de Enfermagem

A sistematização da assistência de Enfermagem (SAE) é o método organizador do trabalho de enfermagem, operacionalizando o cuidado tanto no ambiente hospitalar quanto no domiciliar. Dentre as etapas da SAE, o planejamento se destaca como subsídio para a práxis de cuidados. Nesse contexto, salienta-se o plano de alta como dispositivo essencial à continuidade do cuidado em domicílio para promover a QV e prevenir reinternações. Nessa conjuntura, a teoria das transições de Afaf Meleis reitera a importância da integralidade do cuidado, haja vista as alterações sofridas pelos indivíduos na vida, saúde, relacionamento e ambiente no processo de transição.

O estudo justifica-se pela relevância clínica do implante de MP artificial para reabilitação e manutenção da QV dos indivíduos. Por conseguinte, os impactos no âmbito da saúde pública, refere-se ao índice de reinternações hospitalares ocasionadas por agudização de DCV prévias e os custos com a saúde.

Diante do exposto e levando em consideração a magnitude do implante de MP no contexto da longevidade, este trabalho contribuirá para ampliar pesquisas referentes a essa temática, subsidiar a assistência de enfermagem quanto ao uso de MP no cuidado hospital-domicílio, propiciando promoção e recuperação da saúde do indivíduo, objetivando a redução das taxas de reinternação. Na perspectiva acadêmica, observa-se a escassez de pesquisas em enfermagem acerca dessa temática, ressaltando a relevância do estudo. No Brasil, é insuficiente o avanço de investigações acerca dos cuidados transicionais. Essa abordagem ainda é pouco discutida, principalmente no que tange o planejamento de alta hospital-domicílio, ocasionando fragmentação no cuidado.

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