O Cuidado de Enfermagem em Estomaterapia: Desenvolvimento de Um Programa de Intervenção

30 de julho de 2021 por filipesoaresImprimir Imprimir

Desenvolve um programa de intervenção de Enfermagem em estomaterapia (PIEE).


O conhecimento disponível demonstra que viver com Enfermagem em Estomaterapia (EE) requer mudanças no estilo de vida, nos cuidados diários e ajustes nos papéis sociais, determinando reações emocionais relacionadas com a autoestima, a imagem corporal e a identidade, com impacto na saúde e na QdV das pessoas. A natureza da condição neoplásica da maioria das situações origina sentimentos perturbadores nas pessoas, que podem ver-se incapazes de superar as perdas e os medos em relação à evolução da doença e até cuidar de si próprias. Do mesmo modo evidencia que a mudança na aparência física e nas funções fisiológicas devidas à formação de EE, exige uma atenção contínua e a necessidade de novas aprendizagens de autocuidado e de gestão da vida, que constituem focos importantes da atenção clínica de enfermagem.

O Cuidado de Enfermagem em Estomaterapia: Desenvolvimento de Um Programa de Intervenção

O Cuidado de Enfermagem em Estomaterapia: Desenvolvimento de Um Programa de Intervenção. Foto: Divulgação

Enfermagem em estomaterapia

Assim, defende que a intervenção contínua de enfermagem em estomaterapia, desde o período pré-operatório e depois do regresso a casa, potencia a construção de atitudes mais pró-ativas perante a nova circunstância de vida, resultando em envolvimento precoce na gestão do autocuidado, favorecendo a transição para a adaptação psicossocial à ostomia e QdV mais satisfatória. Por outro lado, também é reforçado que se a intervenção de enfermagem for sistemática e suportada por referenciais consistentes ajuda a orientar e a adequar os cuidados, facilitando também a avaliação dos seus resultados.

Como explica Meleis, a intervenção na fase pré-operatória é importante para o início da consciencialização das mudanças, por mais traumáticas que elas sejam. Nesta fase, o enfermeiro ajuda o utente a lidar emocionalmente com as alterações que se avizinham e a preparar-se para a cirurgia, assim como, em decisão conjunta, negoceiam o melhor local do estoma. A relação terapêutica é fundamental, tendo em conta que, tanto a pessoa doente como os familiares estão fragilizados com medos e incertezas, carecendo de compreensão das suas vivências e de informação clara e securizante.

Cuidados de Enfermagem

No período pós-operatório, as intervenções iniciadas devem ser continuadas e ajustadas individualmente, sempre em atenção à dimensão psicoemocional, reforçando a autoconfiança e autorresponsabilização para novas aprendizagens.

Também depois da alta hospitalar, a intervenção continua a perspetivar-se num cuidado holístico, envolvendo o utente e/ou pessoas significativas nas decisões terapêuticas, com especial atenção ao estado emocional e à gestão dos cuidados ao estoma, incentivando o regresso ao trabalho e do laser. Assim, é fundamental que o enfermeiro estomaterapeuta (ET) e outros profissionais de saúde promovam o fortalecimento do empowerment e o conhecimento das possibilidades disponíveis, para que a pessoa possa decidir sobre os recursos que necessita e comprometer-se ativamente no seu processo de cuidados, tornando-se culturalmente competente na gestão do seu dia-a-dia.

Apoiando-nos na literatura referenciada que defende formas padronizadas de documentação de cuidados de enfermagem, desde que as pessoas iniciam até finalizarem a sua transição para a adaptação à nova circunstância, emerge este estudo com o objetivo de criar uma intervenção de enfermagem em estomaterapia, focada nos períodos pré, pós-cirúrgico e follow-up, para posteriormente se avaliar a sua eficácia na adaptação à estomia e na QdV.

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