Analisa a construção do campo da Enfermagem obstétrica, em Minas Gerais, a partir dos sujeitos envolvidos neste processo.
Trata-se de um estudo qualitativo interpretativo fundamentado na pesquisa histórica, delineado a partir da seguinte questão norteadora: “Como ocorreu a construção do campo da enfermagem obstétrica, em Minas Gerais?”.
Objetiva analisar a construção do campo da enfermagem obstétrica, em Minas Gerais, a partir dos sujeitos envolvidos neste processo. O estudo ancora-se nas concepções filosóficas de Michael Foucault, de modo específico, a Genealogia, buscando construir uma história genealógica que aborde as rupturas e continuidades dos acontecimentos, centrada na microfísica das relações, nas disputas, resistências e objetivação dos corpos, problematizando as práticas de poder, que produziram um modo de ser, pensar, agir e sentir da enfermagem obstétrica. O delineamento temporal abarca o período de 1957, ano em que foi ofertada a primeira especialização em enfermagem obstétrica, em Minas Gerais, até o ano de 2011, com a instituição do Programa da Rede Cegonha.
A metodologia adota três percursos: estudo de revisão, com método da scoping review para um melhor entendimento acerca do que já foi produzido sobre a enfermagem obstétrica, no Brasil, e para mapear as características do conhecimento científico produzido pela e sobre a categoria; pesquisa documental e história oral temática. Os documentos tomados como fontes fazem parte do acervo dos centros de memória da Escola de Enfermagem e da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Para as fontes orais, foram incluídos sujeitos envolvidos direta ou indiretamente com o objeto. Os documentos e entrevistas utilizados como fonte da pesquisa foram submetidos à Análise de Discurso explicitada por Michael Foucault.
Os achados da pesquisa são discutidos em três capítulos. Os dois primeiros capítulos tratam dos dercursos genealógicos e acontecimentos da enfermagem obstétrica mineira de 1957 a 1999 e de 1999 a 2011. No terceiro capítulo da tese é abordada a proveniência como construção genealógica, com a análise das repercussões dos acontecimentos históricos para o modo de ser, sentir e pensar das enfermeiras obstétricas. Com essa forma de organização da pesquisa, pretende-se trazer, para além da apresentação e discussão dos dados coletados, os passos que foram seguidos e os processos de interpretação e análise, à luz do referencial foucaultiano. Os dados levantados mostram a possibilidade de confirmação da tese postulada para o estudo. Os vetores de força e acontecimentos que influenciaram a construção do campo da enfermagem obstétrica, em Minas Gerais, indicam a formação de um saber próprio das enfermeiras obstétricas, pautado nas boas práticas de assistência ao parto e nascimento. Esse saber próprio da especialidade, inseriu as enfermeiras especialistas no cenário obstétrico, capazes de disputarem espaços de prática e oferecerem resistência ao modelo de medicalização do corpo feminino. O processo dessa emergência é caracterizado por vetores de força, estratégias de luta, embates e enfrentamentos.
A abordagem genealógica atua como uma ferramenta crítica capaz de evidenciar as singularidades da história do objeto de pesquisa, dando relevância aos dados encontrados e análises propostas.