Conhecimentos Sobre o Manejo de Vítimas do Acidente Botrópico no Serviço de Emergência

22 de janeiro de 2024 por filipesoaresImprimir Imprimir

Identifica o conhecimento da equipe de Enfermagem, no manejo do paciente vítima de acidente botrópico no serviço de emergência.


Animais peçonhentos são aqueles que produzem ou alteram algum veneno e possuem a capacidade de injetá-lo em outro ser vivo, ou seja, apresentam um aparelho especializado para inoculação do veneno na presa ou no predador. No Brasil, os principais animais peçonhentos são algumas espécies de serpentes, aranhas e lagartas.

Foto: Portal Butantan.

Os acidentes por animais peçonhentos se caracterizam como problema mundial de saúde pública, principalmente em países de regiões tropicais e subtropicais. Destaca-se que este tipo de acidente foi novamente incluído na lista de doenças tropicais negligenciadas da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2017. A severidade desses acidentes está relacionada ao número de ocorrências e ao índice de morbidade e mortalidade que causam, especialmente em áreas de dificuldade de acesso aos serviços de saúde para o fornecimento da soroterapia.
Os acidentes com animais peçonhentos podem ocorrer por diversas causas, como hábitos comportamentais e reprodutivos dos animais; natureza das atividades humanas (agricultura, pesca e lazer), bem como a sobreposição de espaços pelos homens e animais.
No Brasil, acidentes envolvendo animais peçonhentos são considerados um sério problema de Saúde Pública devido à elevada incidência de acometimentos e a gravidade na evolução dos sintomas. O acidente botrópico, é o acidente ofídico de maior importância epidemiológica, sendo responsável por cerca de 90% dos casos de envenenamentos.
Em Santa Catarina, no decorrer de 2012 a 2016 foram registradas 45.391 notificações de acidentes por animais peçonhentos, destes 3.725 foram acidentes ofídicos, os quais ocorrem durante todo o ano, com aumento significativo durante a primavera e o verão. Dos 3.725 casos de acidentes ofídicos, 63% foram caracterizados como leves, 34% moderados e 3% graves, de acordo com os sintomas apresentados pelo paciente.
As serpentes peçonhentas responsáveis pelos acidentes no Estado de Santa Catarina são na grande maioria do gênero Bothrops, conhecida popularmente como jararaca. Essas são identificadas pela presença da fosseta loreal, órgão sensorial termorreceptor, pelas presas inoculadoras bem desenvolvidas e móveis situados na porção anterior do maxilar e pelo tipo de cauda lisa.

Veneno Botrópico

O veneno botrópico pode ser classificado de acordo com sua atividade fisiopatológica, cujo efeito pode ser observado localmente, na região da picada e sistêmico. As ações do veneno são proteolíticas, de atividade inflamatória aguda, desencadeando manifestações locais como dor, edema, bolhas e necrose no local da picada; coagulante e hemorrágica, que podem ocasionar incoagulabilidade sanguínea, apresentando equimose e sangramentos na região da picada e sistêmicas como gengivorragia, hematêmese, hematúria e injúria renal.
A gravidade dos casos depende da quantidade de veneno inoculada, da região do corpo atingida e da espécie de serpente. Pode ser classificado em: Leve, quando a vítima apresenta manifestações locais discretas ou ausentes, neste caso são indicadas de duas a quatro ampolas de soroterapia antivenenoso; Moderado, quando há manifestações locais evidentes, sendo indicado de quatro a oito ampolas antivenenoso; Grave, cujas as manifestações locais são intensas e as sistêmicas estão presentes, nestes casos são indicadas a administração de 12 ampolas de soroterapia antivenenosa por via endovenosa. Em ambas as classificações o tempo de coagulação pode apresentar-se normal ou alterado.
Estudos vêm demostrando o número considerável de pessoas que se tornam vítimas de acidentes ofídicos, o que ressalta a relevância do conhecimento da população para estratégias de prevenção, como também dos profissionais de saúde, para as condutas adequadas no cuidado a tais pacientes. A padronização de condutas e cuidados pela equipe de saúde é de grande importância para a saúde coletiva, visto que são muitos os profissionais que não recebem preparo desta natureza durante sua formação ou no decorrer da atividade profissional. Acidentes ofídicos são considerados emergência de importância clínica e a normatização de condutas dependem tanto do reconhecimento do animal causador quanto das manifestações clínicas apresentadas pelo paciente.
Diante da importância sanitária dos acidentes com serpentes do gênero Bothrops, sua frequência e a gravidade dos casos, buscou-se responder a seguinte pergunta de pesquisa: Qual o conhecimento da equipe de enfermagem no manejo do paciente vítima de acidente botrópico na emergência de um Hospital Universitário? O estudo objetivou identificar o conhecimento da equipe de enfermagem, no manejo ao paciente vítima de acidente botrópico no serviço de emergência.
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