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Conhecimentos e Estratégias Utilizados Pela Enfermagem na Atenção à Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais
7 de novembro de 2023 por filipesoares Imprimir
Analisa as evidências científicas nacionais e internacionais que abordam os conhecimentos e estratégias utilizados pela Enfermagem na atenção à saúde de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais.
Uma dimensão pouco abordada e considerada na amplitude do cuidado singular e no planejamento terapêutico com usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) consiste nas questões que tangem à orientação sexual, sobretudo, pelo histórico moralmente conservador de políticas públicas direcionadas à sexualidade, além da própria construção social ocidental, pautada nos princípios da heteronormatividade, judaico, cristã e reprodutiva.
A orientação sexual compõe o processo identitário dos seres humanos e é fruto de uma construção social edificada pelas formas de como as pessoas, os grupos e as atribuições sexuais são identificados. As condições e os jeitos de existência dos indivíduos bem como seus sofrimentos estão relacionados à qualidade das relações sociais e institucionais que estes estabelecem, além do contexto histórico e social da vida em sociedade.
A sigla LGBT, por definição, representa um conjunto de pessoas não heterossexuais, ou seja, pessoas que não estabelecem relacionamento afetivo-sexual por pessoa do sexo oposto. Cada letra representa um grupo específico de pessoas: L – lésbicas (mulheres homoafetivas); G – gays (homens homoafetivos); B – bissexuais (homens ou mulheres atraídos pelos dois sexos); T – transexuais (indivíduos que não se identificam com seu sexo de nascença), podendo ainda ser acrescido das letras QIA+, que corresponde, respectivamente, a queer (pessoas que compreendem a identidade de gênero como uma construção social, não se enquadrando na lógica binária de masculino e feminino); intersexuais (pessoas com características sexuais masculinas e femininas); assexuais (pessoas que não se relacionam sexualmente), sendo que o sinal gráfico + engloba todas as demais e possíveis orientações não heterossexuais e identidades de gênero que diferem do padrão cisnormativo.
Algumas produções vêm abordando a (in)visibilidade da atenção à saúde da população
LGBT+. Somado a isso, é sabido que indivíduos LGBT+ possuem maiores riscos de apresentarem problemas de saúde, tais como, a diminuição da qualidade do sono apenas pelo fato de não serem heterossexuais e, consequentemente, maior propensão de desencadearem sofrimentos mentais e doenças físicas crônicas.
No Brasil, encontra-se instituída a Política Nacional de Saúde Integral de LGBT, que tem por objetivo promover a saúde integral LGBT, eliminando a discriminação e o preconceito institucional, bem como contribuir para a redução das desigualdades e a consolidação do SUS como sistema universal, integral e equitativo. Contudo, suas diretrizes nem chegaram a ser implantadas e já se identifica uma tentativa de apagamento dessa discussão quando se evidencia o desaparecimento da pauta de acesso e qualidade da atenção às pessoas LGBT da agenda nacional de prioridades de pesquisa em saúde de 2015 para 2018.
Dessa forma, direcionar o olhar para as produções científicas que abordam a atenção à saúde da população LGBT+ pela enfermagem pode evidenciar como se tem dado a formação destes profissionais para trabalhar com as questões de gênero e orientação sexual no cotidiano dos serviços de saúde.
A enfermagem pode identificar as dificuldades enfrentadas pela população LGBT+, bem como os atravessamentos que dificultam o processo de atenção à saúde, sobretudo a equidade, dentre outras razões, por ser uma das profissões que se faz mais presentes em todos os níveis da atenção à saúde e ter uma relação mais aproximada com os usuários.
Assim, o presente estudo objetiva analisar as evidências científicas nacionais e internacionais que abordam os conhecimentos e estratégias utilizados pela enfermagem na atenção à saúde de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais.