Compara a completude e o atraso vacinal de crianças menores de doze meses de idade antes e após a introdução da vacina VIP na vacinação de rotina.
A vacina oral contra poliomielite (VOP) pode provocar uma poliovirose derivada da vacina, o que constitui um empecilho à completa erradicação da doença. Mundialmente, está ocorrendo uma substituição gradual da VOP pela vacina injetável contra poliomielite (VIP). O Brasil adotou um esquema misto VIP-VOP desde 2012, mas nenhum estudo foi realizado para avaliar e comparar a completude e atraso aos esquemas antes e após a substituição da vacinação oral pela injetável.
Comparar a completude e o atraso vacinal de crianças menores de doze meses de idade antes e após a introdução da vacina VIP na vacinação de rotina. Estudo tipo antes-e-depois da introdução da vacina injetável contra poliomielite, com duas coortes de nascidos vivos no município de Goiânia, Goiás. Uma coorte de nascidos vivos em 2010 recebeu o esquema vacinal exclusivamente com VOP e, outra coorte de nascidos vivos em 2014 recebeu o esquema vacinal misto VIP-VOP. Foram utilizadas duas fontes de dados secundários nominais: o do Sistema de Controle do Atendimento Ambulatorial (SICAA) que contém dados de vacinas e o Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC) que contém dados sobre a criança e a mãe. Completude do esquema vacinal foi definido como o recebimento de três doses válidas da série primária até os 12 meses de idade. Atraso vacinal foi definido como a dose de vacina administrada >28 dias após a idade recomendada. As bases de dados SICAA e SINASC foram vinculadas por meio de linkage determinístico para identificação dos registros de mesma criança. O tempo de seguimento de cada criança foi de 12 meses.
Foram incluídas 23.335 crianças, sendo 9.563 da coorte de nascidos em 2010 e 13.772 da coorte de nascidos em 2014. A proporção de crianças que recebeu o esquema misto VIP-VOP apresentou 78,0% de completude vacinal, enquanto que a proporção de crianças que recebeu o esquema exclusivamente VOP apresentou 72,4% de completude vacinal (p=0.000). Ainda se observou maior proporção de atraso vacinal da 1º dose: 6,9% e 5,8%, 2° dose: 25,4% e 18,2% e, 3° dose: 31,1% e 19,3% para os esquemas vacinais VIP-VOP e exclusivamente VOP, respectivamente. As crianças que receberam o esquema misto VIP-VOP apresentaram maior mediana da idade em todas as doses, mais dias de atraso e maiores intervalos entre as doses, quando comparado com as crianças que receberam o esquema exclusivamente VOP.
Crianças que receberam o esquema misto VIP-VOP apresentaram maior atraso vacinal, mas maior proporção de completude vacinal quando comparadas com as crianças que receberam o esquema exclusivamente VOP. Apesar de melhorias alcançadas na completude das vacinas contra a poliomielite, ainda são necessários esforços para atingir grupos de risco com atrasos.