28 de julho de 2023 por filipesoares
Imprimir
Representantes da secretaria visitaram o plenário do Cofen nesta segunda-feira (24/7) para expandir diálogo em prol da melhoria da oferta de saúde aos povos originários.
O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) vem realizando um extenso trabalho de fortalecimento da assistência de Enfermagem ofertada aos povos indígenas. Por meio da instituição da Comissão Nacional de Enfermagem em Saúde Intercultural (Conenfsi) e dos constantes esforços para conhecer de perto a realidade dos profissionais da categoria junto a essas comunidades, a autarquia tem buscado superar os diversos desafios que impedem uma atuação plena e qualificada que atenda integralmente as necessidades das populações originárias. Com o intuito de expandir horizontes para alcançar esses objetivos, conselheiros federais receberam a visita de Ricardo Weibe Costa, secretário especial da Saúde Indígena do Governo Federal (SESAI), e do enfermeiro Yago Santana, integrante da secretaria.
União de esforços expande os horizontes na busca pela qualificação da assistência aos povos indígenas.
A SESAI é responsável por coordenar e executar a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas e todo o processo de gestão do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS) no Sistema Único de Saúde (SUS). É a única secretaria do Ministério da Saúde que tem papel de planejar e colocar em prática as políticas voltadas especificamente para a saúde dos povos originários.
Ricardo apresentou ao plenário os objetivos, as estratégias e o organograma da secretaria, trazendo dados atualizados sobre as populações ameríndias no Brasil. De acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existe um total de 782.636 indígenas no país, dispostos em 305 etnias.
“As populações indígenas estão nos lugares que lhes são de direito. As políticas de saúde precisam se adequar a essas diferentes realidades, e não o contrário. Nessa perspectiva, é fundamental que possamos assegurar as condições necessárias para que os profissionais de saúde ofertem uma assistência de qualidade, criando instrumentos que deem segurança jurídica para esses trabalhadores”, afirmou o secretário, que pertence ao povo indígena Tapeba, do estado do Ceará.
“O Brasil é marcado pela pluralidade étnica. Nosso objetivo enquanto Conselho Federal de Enfermagem é mudar essa difícil realidade que impede aos nossos profissionais a garantia de estruturas básicas, ofertando o acesso pleno à saúde por essas comunidades. Além das dificuldades operacionais, a Enfermagem que está inserida nessas comunidades precisa muitas vezes abdicar da família e enfrentar outros problemas, como a desvalorização salarial”, alertou a presidente do Cofen, Betânia Santos.
“A abertura deste canal de diálogo com a SESAI é de suma importância, pois ainda há muito o que percorrer para melhorar pontos cruciais como dimensionamento, carga horária, salários, insumos e a visão medicalocêntrica, ainda predominante em muitas localidades”, destacou Paulo Murilo de Paiva, coordenador da Conenfsi.
O cuidado qualificado de Enfermagem é essencial para aumentar a cobertura e resolutividade da assistência à saúde dos povos originários. Parte significativa mora em locais de difícil acesso e enfrenta vulnerabilidade social e econômica, fatores que favorecem a prevalência de agravos como desnutrição e tuberculose, que é três vezes mais frequente na população indígena. Mortes sem assistência de saúde predominam, e a mortalidade materna supera a média nacional.