Identifica e sintetiza as evidências disponíveis na literatura sobre o clampeamento do cordão umbilical, e seus resultados evidenciados pela prática.
No Brasil o clampeamento do cordão umbilical é uma das intervenções médicas mais feitas, representando um total anual de 3.000.000, e partindo desse pressuposto há questionamentos acerca do modo ou do tempo de clampeamento, podendo ser ele imediato ou tardio e a partir disso trazendo consequências maternas e fetais. O atual contexto brasileiro baseia-se em um modelo biomédico, onde ainda há uma visão do parto e nascimento como um processo patológico.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) o parto é um evento natural, que não necessita de controle, mas sim cuidados baseados em boas práticas e evidências científicas. Ainda assim evidenciam-se taxas de complicações ainda insatisfatórias, que estão diretamente ligadas com uso abusivo de técnicas e procedimentos.
Em 1996 a OMS disponibilizou um guia prático para a atenção ao parto, na tentativa de respeitar a fisiologia, dando a todas as mulheres o direito de um trabalho de parto seguro, baseado em boas práticas. Houve um consenso das recomendações listadas em quatro categorias, sendo elas: a. Práticas que são úteis e devem ser encorajadas; b. Práticas que não são efetivas e devem ser eliminadas; c. Práticas que não possuem evidências suficientes para basear uma recomendação e devem ser utilizadas com cautela até que se produza mais acerca do assunto; e d. Práticas que são frequentemente usadas inapropriadamente. O clampeamento do cordão umbilical foi incluído na categoria c, onde se concluiu a necessidade de mais estudos acerca da prática.
Em 2016 foi lançada a Diretriz Nacional de Assistência ao Parto Normal, um relatório de recomendações elaborado pela CONITEC (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS), onde se encontra indicações e condutas visando orientar mulheres brasileiras, profissionais da saúde e gestores acerca do modelo que considera a gravidez, o parto e o nascimento como expressões de saúde e não como doenças, com o intuito de torna-los mais seguros, considerando os aspectos emocionais, humanos e culturais envolvidos. Nessa recente recomendação é levada em consideração a mínima separação entre mãe e filho, e se aderido o manejo fisiológico do terceiro período do trabalho de parto há indicação do clampeamento do cordão após parar a pulsação, e caso a opção seja o manejo ativo recomenda-se o clampeamento e a secção precoce do cordão umbilical.
O presente estudo teve como objetivo identificar e sintetizar as evidências disponíveis na literatura sobre o clampeamento do cordão umbilical, e seus resultados evidenciados pela prática. Para isso utilizou-se uma revisão integrativa, que é de suma importância para a enfermagem baseada em evidências, onde há um levantamento das informações produzidas sobre o tema, proporcionando uma tomada de decisão consciente através de um consenso de evidências relevantes provenientes da pesquisa clínica.