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Burnout, COVID-19, Apoio Social e Insegurança Alimentar em Trabalhadores da Saúde
22 de agosto de 2023 por filipesoares Imprimir
Avalia a prevalência de risco para a Síndrome de Burnout entre profissionais da saúde de áreas de atendimento a pacientes com COVID-19.
A Síndrome de Burnout (SB) ou esgotamento profissional é descrita como uma reação de estresse excessivo de um profissional causada pelo ambiente laboral, apresentando um quadro com sintomas físicos, além da exaustão emocional, resultando, muitas vezes, em absenteísmo e baixa produtividade.
Esse problema psicossocial ganhou notoriedade e se tornou recorrente durante a
pandemia de COVID-19, principalmente entre os profissionais da saúde, estando relacionado ao medo enfrentado diante do aumento de casos de pacientes críticos e de mortes, o que consequentemente estendeu a jornada de trabalho e produziu situações de adversidade, por exemplo, com a possibilidade de lidar com uma equipe reduzida, com a falta de equipamentos individuais de segurança e com o receio da contaminação.
Síndrome de Burnout
Apesar do desconforto e dos riscos elevados de desenvolvimento de SB, a maioria desses trabalhadores continuou a postos, levando-os, por vezes, a extrapolar os seus limites, promovendo preocupações para além do exercício de seus ofícios, atingindo questões sociais e econômicas.
Representado pelo apoio saudável e positivo ao indivíduo, o suporte emocional por meio da interação social pode constituir um fator de proteção e amenizar os riscos e os impactos em relação ao esgotamento profissional, fornecendo uma rede ativa de apoio e incentivo, reduzindo o sofrimento psíquico desses trabalhadores.
No entanto, devido à disseminação da pandemia e ao distanciamento social, muitas pessoas se viram sozinhas, afastadas da família e amigos, como forma de protegê-los da insegurança quanto ao potencial de transmissão do vírus. Com os profissionais da saúde não foi diferente, aliás, tendo em vista o protagonismo desse setor, ao estarem na linha de frente de atendimento, os sentimentos de receio e de medo podem ter sido ainda mais intensos, uma vez que estavam mais expostos ao vírus e, portanto, mais propensos a contrair a doença e a transmiti-la para suas famílias e amigos.
Ademais, o distanciamento social repercutiu na dinâmica e na condição socioeconômica de famílias brasileiras. Com as atividades sendo interrompidas sem que houvesse medidas suficientes de amparo, muitos trabalhadores perderam seus meios de subsistência. Em função das medidas de contingência tomadas pelos gestores públicos com vistas a uma menor propagação do vírus, as incertezas quanto ao fornecimento e abastecimento de alimentos nos meses que se seguiram também podem ter comprometido a segurança alimentar e nutricional dessas pessoas. O fechamento de comércios e os longos períodos com atividades econômicas reduzidas provocaram desconfianças em muitas famílias, além de comprometimento no abastecimento alimentar e na insuficiência do fornecimento de alguns produtos, ingredientes ou materiais, em especial os provenientes da agricultura familiar.
Num cenário assim complexo, este estudo teve por objetivo avaliar a prevalência de risco para a Síndrome de Burnout entre profissionais da saúde de áreas de atendimento a pacientes com COVID-19, bem como verificar possíveis associações com o apoio social percebido e com a insegurança alimentar desses trabalhadores.