Atenção à Saúde do Estomizado na Rede de Atenção à Saúde na Perspectiva de Enfermeiros

8 de janeiro de 2024 por filipesoaresImprimir Imprimir

Identifica como é o cuidado oferecido às pessoas que vivem com estomias na rede de atenção à saúde na ótica dos enfermeiros.


Atualmente observa-se um aumento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), com destaque para as neoplasias, dentre elas o câncer colorretal (CCR). Nesse sentido, fazem-se necessários maior atenção a essa população e empenho das equipes de saúde da Atenção Primária à Saúde (APS) na prevenção e tratamento destas doenças.

Atenção à Saúde do Estomizado na Rede de Atenção à Saúde na Perspectiva de Enfermeiros

Foto: Ministério da Saúde.

Estima-se a ocorrência de 20.520 casos novos de CCR em homens e 20.470 em mulheres para cada ano do triênio 2020-2022, sendo considerado a terceira causa de câncer no Brasil e no mundo, bem como a segunda causa de óbitos. Além disso, as estatísticas apontam que, se diagnosticado precocemente, a taxa de sobrevida em cinco anos para o CCR pode chegar a 90%.
Com isso, ocorre um aumento dos pacientes que necessitam de estomias intestinais no Brasil, pois o CCR é um dos principais determinantes deste procedimento. A cada ano realiza-se, aproximadamente, um milhão e 400 mil estomias, sendo a cirurgia para confecção de uma estomia é um momento conflituoso para o paciente e sua família.
As alterações corporais perpassam por aspectos fisiológicos, emocionais, psicológicos, sociais e espirituais que requerem do indivíduo adaptação e a necessidade de um cuidado planejado. Uma vez que as alterações de imagem corporal e psicológicas podem manifestar sintomas de ansiedade e depressão, o que interfere negativamente na qualidade de vida desses indivíduos.
As equipes de saúde da Rede de Atenção à Saúde (RAS) devem prestar atenção diferenciada a esta população, para que desfrute de convívio social saudável, mesmo com as mudanças e restrições impostas pela doença. Por vezes, o curto período de internação pode comprometer a oferta de orientações, o que interfere na efetividade do plano de alta hospitalar e, consequentemente, no aumento de readmissões hospitalares por complicações, se não houver a continuidade do cuidado na RAS.
Neste sentido, a transição do cuidado entre os serviços de saúde é necessária, tendo em vista a necessidade da continuidade da atenção ao paciente, de ações planejadas desde a entrada no hospital até a sua alta. Não existe uma política de transição do cuidado no Brasil e há poucos estudos que mensuram como se dá este processo.
Estudo realizado com pacientes que vivem com estomias infere que o cuidado ofertado desde o pré-operatório até a atenção na unidade básica ou domicílio pós-alta hospitalar é fragmentado, o que fragiliza a atenção integral, esperada na RAS. Ainda, é possível apontar que os pacientes são orientados a buscar o serviço especializado para dar conta das suas demandas, para tanto, sugere que seja ofertado apoio matricial pelo serviço especializado às equipes de APS.
Ainda, é importante pontuar que, na formação acadêmica do enfermeiro, há necessidade de os currículos abordarem esta temática a fim de preparar os futuros profissionais para o cuidado às pessoas que vivem com estomias, bem como detectar complicações.
A atenção à saúde das pessoas que convivem com estomias deve ser desenvolvida por meio de ações na APS, a qual deverá realizar ações de autocuidado e prevenção de complicações; e, nos Serviços de Atenção à Saúde das Pessoas Ostomizadas (SASPO), além das ações previstas na APS, serão ofertados equipamentos coletores e adjuvantes de proteção e segurança e capacitação de profissionais. Nesse processo, o enfermeiro é o profissional mais próximo ao paciente e promove ações de ensino-aprendizagem para auxiliar as pessoas que vivem com estomias a adquirir habilidades no autocuidado e, melhor qualidade de vida (QV).
A partir deste contexto, tem-se por objetivo identificar como é o cuidado oferecido às pessoas que vivem com estomias na rede de atenção à saúde na ótica dos enfermeiros.
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