Atenção à Saúde da Mulher na Atenção Primária: Percepções Sobre as Práticas de Enfermagem

15 de abril de 2024 por filipesoaresImprimir Imprimir

Identifica práticas de Enfermagem direcionadas ao atendimento à saúde da mulher no âmbito da Atenção Primária à Saúde, caracterizando-as pelo modo como ocorrem e lugar que ocupam no processo de trabalho dos Enfermeiros.


A Atenção Primária à Saúde (APS) caracteriza-se por um conjunto de ações com o objetivo de desenvolver a atenção integral à saúde da população, por meio de um alto grau de descentralização e capilaridade. Por esse motivo, deve ser o contato preferencial dos usuários, a principal porta de entrada para a Rede de Atenção à Saúde. Cabe ressaltar que os serviços da Atenção Primária, quando funcionando adequadamente, são capazes de dar resolutividade a cerca de 85% das demandas de saúde da população. Isso é possível por meio de práticas de cuidado e gestão complexas e variadas, sob a forma de trabalho em equipes, constituídas por profissionais médicos, enfermeiros, técnicos ou auxiliares de enfermagem e agentes comunitários de saúde, bem como outros arranjos profissionais.

Manual Técnico: Saúde da Mulher nas Unidades Básicas de Saúde
Na realidade do Sistema Único de Saúde (SUS), a enfermagem representa mais de 50% da força de trabalho, com uma população de aproximadamente 886.309 profissionais, entre enfermeiros (29,3%), técnicos (50,9%) e auxiliares (19,8%). Sendo assim, os profissionais da enfermagem representam um dos pilares fundamentais para o funcionamento dos sistemas de saúde. Além disso, vêm sendo decisivos no atual contexto da saúde graças às habilidades e competências desenvolvidas pela profissão, utilizadas em favor da necessidade de se considerar no processo de cuidado os determinantes sociais, as iniquidades, o envelhecimento da população, desenvolvimento de condições crônicas, entre outros.
O trabalho do enfermeiro na APS é descrito na Política Nacional de Atenção Básica (2017) e na Lei 7.498/86, conhecida como a Lei do Exercício Profissional (Cofen), incluindo como funções do enfermeiro a realização de visitas domiciliares, consulta de enfermagem, solicitação de exames, plano de cuidados, acolhimento e escuta qualificada, atividades em grupo, entre outras. Os cuidados de enfermagem podem ser classificados em quatro dimensões: a do cuidado, que envolve a assistência aos indivíduos em todas as fases de sua vida; a educativa, que abrange a educação em saúde aos usuários e a educação permanente no trabalho dos membros da equipe; a administrativo-gerencial, que diz respeito à coordenação e organização do trabalho, também no espaço e instituição; e a investigação/pesquisa, que consiste na produção de conhecimento necessário para a qualificação da prática.

Saúde da Mulher

De modo especial, destaca-se que, no contexto histórico da luta por direitos, a saúde da mulher é incorporada às políticas de saúde a partir do século XX, inicialmente voltadas para concepções mais restritas sobre o tema, que se limitavam à saúde materno-infantil. Somente com o lançamento da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM), em 2004, incorpora-se ideais da luta feminista na busca de uma ruptura com o modelo anterior, com o objetivo de promover uma atenção integral, sem discriminação e preconceitos que aumentam a vulnerabilidade dentro do processo saúde-doença.
Posto isso, cabe afirmar que fazem parte do escopo de atribuições da equipe de enfermagem a realização de ações que levem à promoção, prevenção e recuperação da saúde em todas as fases do ciclo de vida da mulher. Além disso, protocolos de enfermagem que guiam o fazer prático da profissão ainda enfatizam que a assistência de enfermagem pode atuar em diversos momentos na saúde da mulher, como: no rastreamento de câncer de colo de útero e mamas, prevenção e tratamento a infecções sexualmente transmissíveis (IST), saúde sexual e reprodutiva, pré-natal, puerpério, climatério e menopausa, identificação e combate à violência contra a mulher, bem como atuar na classificação de risco e educação em saúde relacionadas às principais queixas/problemas relatados pelas usuárias dos serviços de saúde da atenção primária.
Diante do contexto exposto, compreende-se como relevante o estudo das práticas de enfermagem direcionadas à saúde da mulher, visto que este grupo representa a maioria da população brasileira e são as principais usuárias do Sistema Único de Saúde. Além disso, entende-se que um processo de trabalho bem estruturado na APS é de suma importância para que o enfermeiro possa avançar na garantia de universalidade do acesso e integralidade da assistência da saúde da mulher, em consequência da melhoria do próprio trabalho.
Este estudo tem por objetivo identificar práticas de enfermagem direcionadas ao atendimento à saúde da mulher no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS), caracterizando-as pelo modo como ocorrem e lugar que ocupam no processo de trabalho dos Enfermeiros.
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