Assistência ao Suicídio e Agressividade no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência

16 de setembro de 2022 por filipesoaresImprimir Imprimir

Investiga fatores associados aos atendimentos realizados por serviço de atendimento móvel de urgência a comportamento agressivo e comportamento suicida.


As emergências psiquiátricas, em especial aquelas que envolvem violências, são altamente desafiadoras e frequentes. O comportamento suicida e o comportamento agressivo são problemas relevantes no cenário mundial e com elevada mortalidade. No mundo, aproximadamente 800 mil pessoas morrem anualmente por suicídio, o que corresponde a uma morte a cada 40 segundos e cerca de 477 mil pessoas vítimas de homicídios.

Assistencia-Suicidio

O Brasil possui elevados índices de comportamento suicida e comportamento agressivo. O país ocupa o oitavo lugar no ranking de maiores números absolutos de óbitos por suicídio e entre 2011 e 2018 foram notificados 339.790 casos de violência autoprovocada no país que se concentram na faixa etária de 15 a 29 anos (45,4%) e no sexo feminino (67,3%). Em relação a violência interpessoal, no Brasil concentra-se aproximadamente 10% da mortalidade por homicídio do mundo, o país possui a terceira maior mortalidade por homicídios da América do Sul, com cerca de
47.136 mortes no ano de 2012. Entre os casos de violência notificados predominam pessoas do sexo masculino com idade entre 15 a 44 anos, sendo o homicídio a terceira causa de morte para o sexo masculino nessa faixa etária.

A violência permeia diversos campos sociais e exerce grande impacto pessoal e comunitário. Destaque para a pressão nos sistemas de saúde, de justiça e bem-estar social. A violência também onera os serviços públicos, desacredita e ceifa o processo democrático e o desenvolvimento político e econômico de um país. Ambos os comportamentos (violência autoinfligida e interpessoal)
são complexos, multifatoriais e são alvos de julgamentos e crenças que podem dificultar ações de prevenção e assistência adequados.

Assistência ao Suicídio

A equipe de enfermagem é categoria predominante entre os profissionais atuam em emergências e estudos revelam que, esse grupo tem enfrentado diversos obstáculos ao atender urgências psiquiátricas, tais como quantidade insuficiente de funcionários, falta de segurança e de equipamentos, impasses administrativos, financeiros e psicológicos, despreparo e falta suporte, protocolos, discussões, supervisão. Entre esses profissionais, ainda são predominantes os sentimentos de desconforto ao atender pacientes com comportamento suicida, além da exteriorização de conceitos fortemente ligados ao estigma que cercam esse tema. Outros desafios estão ligados à maior imprevisibilidade e insegurança no atendimento pré-hospitalar móvel, como a falta de colaboração do paciente, ausência de informações da história pregressa e atual no momento do atendimento, risco de violência, dentre outros fatores.

No Brasil, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) é acionado por cidadãos e realiza o atendimento pré-hospitalar móvel e a regulação (para encaminhamento dos casos a serviços de saúde. Destaca-se que, apesar da elevada frequência de chamados por comportamento agressivo e suicida nos atendimentos pré-hospitalar de urgências psiquiátricas, o preparo dos profissionais para atender a essa demanda é consideravelmente menor do que a formação para atender urgências clínicas ou traumáticas.

O conhecimento das demandas e da assistência atualmente providas aos casos de comportamentos violentos (suicida ou agressivo) possibilita o mapeamento de necessidades, pontos fortes, e fatores estratégicos para o delineamento de políticas, ações de aprimoramento dos atendimentos e capacitação de recursos humanos. Dessa forma, este estudo teve como objetivo investigar os fatores associados aos atendimentos relacionados a comportamento agressivo e comportamento suicida ocorridos em 2014 no serviço de atendimento móvel de urgência de um município do interior de São Paulo – Brasil.

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