Conhece a rotina do enfermeiro no setor de hemodiálise de um hospital público do Nordeste brasileiro.
A doença renal crônica engloba um conjunto de manifestações físicas e emocionais, que geram inúmeras necessidades e exigem cuidados específicos e individualizados. Em seu estágio avançado, a diálise é necessária como tratamento e se adiciona com os distúrbios da DRC, elevando os efeitos físicos, emocionais e sociais. Entretanto, traz a possibilidade de esperança e sobrevida frente a terminalidade.
Em 2017, o total estimado de pacientes em terapia de substituição renal foi de 126.583, tendo 40.000 novos pacientes e predomínio da hemodiálise como modalidade. Em 2018, comparando com 2013 e 2009, houve aumento nas taxas de incidência e prevalência de pacientes em tratamento dialítico.
A elevação no número de pacientes que necessitam de hemodiálise compõe um desafio para o Sistema Único de Saúde (SUS), devido ao aumento de consultas, exames, procedimentos, cirurgias, gerando maior uso de recursos humanos e materiais. Ainda, com relação aos recursos humanos, o cuidar em hemodiálise exige ações integradas e alta qualificação dos profissionais que atuam no setor de hemodiálise.
A equipe de enfermagem presta cuidados diretos e contínuos aos pacientes em tratamento hemodialítico, seja no pré, trans ou pós diálise. Os cuidados perpassam por preparação, punção de fístula ou manejo do cateter, monitoramento, programação da máquina e montagem do circuito, atenção física e emocional, dentre outros. Para os enfermeiros, além dos cuidados diretos estão as atribuições administrativas, educativas e coordenação da equipe.
Norteando o trabalho profissional e o cuidado prestado, a resolução 358/2009 do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e a implementação do Processo de Enfermagem (PE), a serem realizados nos ambientes em que o cuidado profissional ocorre, sejam eles públicos ou privados. A SAE organiza o trabalho profissional no que diz respeito a método, pessoal e instrumentos, viabilizando a operacionalização do processo de enfermagem. Por sua vez, o PE é um instrumento metodológico que orienta o cuidado de Enfermagem e a documentação da assistência.
Embora os profissionais de enfermagem sejam destaque no cuidado em hemodiálise, seu protagonismo diante das múltiplas tarefas não fica tão evidente nas publicações científicas. No cenário nacional, a maioria dos estudos que contemplam a temática “hemodiálise” tem como população os pacientes, pesquisando suas condições, perfil, qualidade de vida e outros aspectos relacionados ao tratamento, sendo que muitos desses são conduzidos e escritos por enfermeiros. Em nível internacional, a linha de estudos com foco nos pacientes se mantém, contudo, encontram-se também pesquisas onde as atribuições dos enfermeiros em hemodiálise ficam mais evidentes, mesmo que indiretamente, em especial nas que investigam a sobrecarga vivenciada e Síndrome de Burnout.
A rotina e atribuições dos enfermeiros são comumente abordadas em outros locais de estudo (unidade de terapia intensiva, centro cirúrgico), ao passo em que os enfermeiros que atuam em hemodiálise são negligenciados. Diante desta lacuna, principalmente no cenário nacional, nos propusemos a abordar a seguinte questão: “O que compõe a rotina do enfermeiro no setor de hemodiálise inserido no âmbito hospitalar?”.
O presente estudo objetivou conhecer a rotina do enfermeiro no setor de hemodiálise de um hospital público do Nordeste brasileiro.