O parto é considerado um processo fisiológico e natural, o qual pode ser vivenciado sem complicações pela maioria das mulheres e bebês, mas, estudos revelam, que muitas mulheres grávidas saudáveis sofrem ao menos uma intervenção clínica durante o nascimento de seus filhos, sendo frequentemente submetidas a intervenções de rotinas desnecessárias e prejudiciais.

O Brasil apresenta uma alta taxa de cesáreas realizadas, as quais segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar, são de 84% no setor privado e 40% no setor público, sendo que a taxa recomendada é de somente 15%. A via de parto deve ser analisada em cada situação, conforme as necessidades da mulher, indicações, riscos e benefícios, porém, ainda há grande parte dos profissionais e mulheres que optam pela escolha antecipada desse processo. Nesses casos, chamamos de cesárea eletiva, conhecida popularmente como cesárea agendada, sendo o método de nascer o qual programa o nascimento do bebê, e possui como uma das maiores razões de escolha o desejo de evitar a tão temida dor do parto normal. Para muitas mulheres, alguns métodos de alívio da dor podem ser necessários, sendo muitas vezes obtidos apenas com um suporte físico e emocional. Durante o pré-natal, é importante informar a gestante sobre esses métodos, ajudando-a a compreender que não há indicação para cesariana apenas pela finalidade de evitar a dor do trabalho de parto.

 As indicações de cesárea são divididas em absolutas e relativas, sendo atualmente a maioria das indicações de forma relativa. Cabe ressaltar que as recomendações para as principais indicações de cesariana baseadas em evidências, como: distocia/falha na progressão do trabalho de parto, desproporção céfalo-pélvica, má posição fetal, frequência cardíaca-fetal não tranquilizadora, apresentação pélvica, de face ou córmica, devem ser indicadas após o início do trabalho de parto espontâneo, ou seja, por cesariana intraparto.

Segundo o Ministério da Saúde, as informações devem ser passadas para as gestantes durante o pré-natal, parto e puerpério, baseando-se em evidências atualizadas e de boa qualidade, as quais enfatizam o parto normal e educam as mulheres sobre as reais indicações de cesariana. Recomenda-se que sejam apontados os riscos e benefícios sobre as vias de parto, incluindo a mulher nas decisões.

O presente trabalho busca responder questões relacionadas às preferências das mulheres perante as vias de parto e as suas vivências durante todo esse processo, seus sentimentos, medos, desejos, escolhas, motivações, e influências, tendo como objetivo geral analisar essas preferências e vivências das mulheres perante o parto normal e a cesariana. Durante o parto de seus filhos, as mulheres passam por inúmeras sensações e experiências distintas, variando de mulher para mulher, de instituição para instituição e de profissional para profissional. Sabendo que o parto é um momento muito desafiador para a grande maioria das mulheres, sendo ainda taxado como um processo difícil e doloroso, busca-se mostrar quais são os diferentes conhecimentos das mulheres perante o trabalho de parto e como isso influência em suas preferências de via de parto e suas vivências nesse momento tão importante.