Percebe-se, paralelamente, um esforço global na busca por estratégias sustentáveis de reaproveitamento dos resíduos sólidos, considerando que cerca de 33% são, ainda, despejados a céu aberto. Estudo demostra que cerca de 40% dos resíduos são descartados em aterros sanitários e destes, não mais de 11% são tratados por meio de técnicas alternativas. Os 19% restantes são, apenas, recuperados mediante iniciativas de reciclagem e compostagem.

Dentre as novas abordagens de intervenção destaca-se o empreendedorismo social aliado às tecnologias sociais. O empreendedorismo social é capaz de mobilizar recursos e competências na direção de soluções criativas, inovadoras e comprometidas com as questões sociais e de saúde da população. As tecnologias sociais, ao considerarem o protagonismo social do usuário, são capazes de fomentar o desenvolvimento ambiental sustentável. Intenta-se, com base nestas novas abordagens de intervenção, o despertar da autonomia e do empoderamento dos atores sociais, enquanto protagonistas de sua própria história.

Reconhece-se, que a erradicação da pobreza se constitui um dos principais desafios para o desenvolvimento saudável e sustentável de um país, tendo em vista que o ser humano – unidade complexa – se constitui o principal ator deste processo. Como, no entanto, promover a inclusão social e o desenvolvimento sustentável ao considerar que um número expressivo de pessoas, como por exemplo os selecionadores de materiais recicláveis vivem, ainda, à margem da sociedade no Brasil?

Reconhece-se, que grande esforço vem sendo feito em termos de saúde coletiva, no sentido de correlacionar saúde e ambiente, ou seja, demostrar que a saúde é resultante das condições de vida e do ambiente. Nesse campo de discussões, a saúde ambiental é reconhecida como o campo de atuação da saúde pública que se ocupa das formas de vida, das substâncias e das condições de entorno do ser humano, as quais podem exercer alguma influência sobre a sua saúde e o seu bem-estar.

Há necessidade, assim, de potencializar a correlação entre a saúde e às necessidades ambientais e sociais, de acordo com os eixos prioritários do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, mais especificamente no Art. 6º – Área de Tecnologias para o Desenvolvimento Sustentável: IV – Tratamento e Reciclagem de Resíduos Sólidos e VII – Preservação Ambiental, bem como possibilitar alternativas tecnológicas capazes de agregar valor social e econômico às populações, em especial, à integrantes de Associações de Materiais Recicláveis (AMR).

Os dispositivos móveis se constituem em opção estratégica relevante face ao atual cenário tecnológico e que, pelo seu rápido e amplo alcance, são capazes de otimizar e qualificar o processo de trabalho de distintos atores sociais. Com o advento dos dispositivos móveis surgem, simultaneamente, novas formas de produzir, comunicar e utilizar informação. Estudo demostra, que a tecnologia móvel já não é uma barreira ou limitação, da mesma forma que o tempo e o espaço. Em qualquer momento a pessoa comum, dotada deste recurso, está apta a captar informações e compartilhá-las quase que de forma instantânea.

Esse contexto suscitou a necessidade de um dispositivo tecnológico a ser utilizado, mais especificamente, por integrantes de uma Associação de Reciclagem de um município central do Estado do Rio Grande do Sul, em que já se efetivam projetos extensionistas que visam agregar valor social, econômico e ambiental. O processo de trabalho realizado pelas 23 trabalhadoras desta Associação, na sua maioria mães de três a cinco filhos, envolve acesso a informações, com vistas à sistematização e a profissionalização das condições de trabalho. Visibiliza-se, nesse sentido, um dispositivo de relevante importância capaz de potencializar às condições de saúde pela geração de melhores condições de trabalho e renda.

A partir do exposto e de demanda previamente identificada em projeto de pesquisa Empreendedorismo Social da Enfermagem, este estudo teve por objetivo desenvolver um aplicativo móvel de auxílio à captação de materiais recicláveis.