Analisa o Transtorno de Estresse Pós-Traumático em profissionais que atuam em situações de emergência através do rastreamento da sintomatologia deste agravo com profissionais de saúde de um Pronto-Socorro.
O homem lida com situações estressantes e potencialmente traumáticas desde as histórias mais remotas da humanidade. Na vida moderna, onde as situações estressantes estão em evidência, o mercado de trabalho e a economia sofrem perdas com o curto tempo de serviço de profissionais ocasionado por transtornos mentais. As doenças causadas pelo estresse e trauma entram em discussão como uma das causas de encurtamento do tempo de prestação de serviços entre profissionais de empregos com alta demanda física, emocional e/ou alta periculosidade, como bombeiros militares, policiais militares e profissionais de saúde que atuam em contextos de urgência e emergência.
O Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) – doença ocasionada pela exposição a eventos traumáticos e estressantes, é caraterizado pela cronificação de sintomas de revivência, evitação ou de hiperestimulação autonômica relacionados a um evento traumático. Logo, este estudo objetiva analisar o TEPT em profissionais que atuam em situações de emergência através do rastreamento da sintomatologia deste agravo com profissionais de saúde do Pronto-Socorro Clóvis Sarinho, das Unidades de Pronto Atendimento alocadas em Natal/RN, do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, dos bombeiros militares e da polícia militar da cidade de Natal/RN e região metropolitana.
Fez-se uso de um método analítico, transversal, exploratório com abordagem quantitativa que se utilizou de dois instrumentos de coleta de dados: a Escala do Impacto do Evento – Revisada e um instrumento para coleta de informações sociodemográficas e relacionadas aos eventos potencialmente traumáticos. A pesquisa foi realizada nas dependências dos serviços em que cada profissional estava inserido.
Verificou-se que os profissionais emergencistas participantes se constituíram de, em sua maioria, homens, na faixa etária de 36-45 anos, com tempo de serviço acima de 10 anos, com ensino superior, com companheiros, que trabalhavam em escalas de trabalho de 41 a 60 horas semanais. Foi possível verificar que 31,07% da amostra apresentaram escore compatível com um provável diagnóstico de TEPT. Dentre os profissionais que atuavam em segurança pública, 39,67% apresentaram escores correspondentes a provável diagnóstico de TEPT e, nos que atuavam na saúde, 20,78%; os profissionais de segurança possuíram prevalência 48% superior em escores compatíveis com o diagnóstico de TEPT. Nas subescalas da IES-R, os participantes de faixa etária de 36 a 45 anos, em sua maioria bombeiros e enfermeiros, com tempo de atuação a partir de 15 anos, apresentaram maior escore médio na subescala de sintomas de intrusão; na subescala de evitação, policiais militares e enfermeiros, com tempo de atuação a partir de 15 anos; e na de hiperestimulação, apresentaram maiores escores médios os participantes na faixa etária de 36 a 45 anos, e policiais militares.
Foram também apontados os principais eventos potencialmente traumáticos vivenciados pelos profissionais no ambiente laboral, os principais sinais manifestados, e as principais estratégias de enfrentamento e fatores que dificultam o exercício profissional.