Análise das Representações Sociais de Dengue nos Comentários de Participantes de Redes Sociais do Ministério da Saúde

29 de fevereiro de 2024 por filipesoaresImprimir Imprimir

Analisa as Representações Sociais de dengue nos comentários digitais dos participantes da fanpage do Ministério da Saúde.


Objetivo: Analisar as Representações Sociais (RSs) de dengue nos comentários digitais dos participantes da fanpage do Ministério da Saúde (MS).

Foto: Governo Federal.

Metodologia: Pesquisa documental online com abordagem qualitativa. O período de coleta foi de 01 de dezembro de 2018 a 31 de março de 2019, após a aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa/UFSCar. O trabalho foi dividido em 3 etapas, de acordo com os objetivos específicos. Etapa 1: analisar as manifestações dos usuários com os conteúdos a partir das ferramentas “curtir”, “comentar” e “compartilhar”, para isso construímos um instrumento no programa Excel para a coleta de dados do Facebook, Instagram e Twitter. Etapa 2: Analisar as informações disseminadas pelo MS sobre dengue nas três redes sociais. Para a análise do conteúdo temático foram coletados os dados de 132 conteúdos publicados pelo MS sobre dengue nas 3 redes sociais já citadas. Etapa 3: Analisar os comentários sobre dengue dos participantes das redes sociais do MS. 433 comentários digitais foram coletados no Facebook (perfil geral e combate a dengue). As informações da etapa 2 e 3 foram transcritas em dois arquivos diferentes do Word e os dados foram sistematizados separadamente no Software IRAMUTEQ. Utilizamos a CHD para a análise lexical e construção das classes.

Resultados: Etapa 1: A mesma publicação de sinais e sintomas da doença foi a mais “curtida” nos dois perfis do Facebook e no Twitter. Na etapa 2, o corpus originou três classes: “Combate ao mosquito domiciliar”, “Arboviroses e suas semelhanças” e “Ações de prevenção do vetor Aedes aegypti”. Na etapa 3, o corpus também foi dividido em 3 classes: “O mosquito é o problema, mas a culpa é do outro”, “A dengue é horrível: causa dor e pode levar à morte” e “Atendimento para os pacientes com dengue”. As classes das etapas 2 e 3 foram analisadas, separadamente, de forma qualitativa, através da técnica análise de conteúdo temático, a fim de identificar qual a principal ideia/objeto divulgado pelo MS e quais são as RSs dos indivíduos em relação a dengue.

Discussão: As publicações se repetem, tanto na mesma plataforma (Facebook, perfil “geral” e “combata a dengue”) quanto nas outras redes sociais. É no perfil específico que os usuários mais interagem com as postagens, inclusive a dando mais visibilidade (“compartilhando”) O modelo de comunicação utilizado é o informacional, sem a participação da população e consequentemente não alteram práticas. As publicações focam no mosquito adulto e a expressão “combate”, palavra mais utilizada, limitando as ações a eliminação do vetor. A principal ideia que o MS pública, focada nos cuidados gerais de prevenção do mosquito, difere das RSs dos perfis digitais, pois para esses “o mosquito é o problema, mas a culpa é do outro. É horrível, causa dor e morte e precisa de atendimento”. Portanto, outras fontes de informação, interações entre os indivíduos, como também situações vivenciadas por esses, podem estar contribuindo para isso. Essa representação social conduzirá atitudes e comportamentos desse grupo social frente ao enfrentamento da doença: atitude de passividade, não sentindo corresponsável pelo controle, apesar do medo de contrair a doença.

Considerações finais: Sugerimos a palavra controle, pois esse amplia as ações para as condições de vida e o incentivo da participação popular. Apesar do modelo comunicação informacional, ressaltamos a importância do perfil “combata a dengue”, por sua capacidade de disseminação de informação. Somente a informação não traz mudança de atitude, mas essa, ao ser lida e compartilhada pelos grupos podem interferir nas RSs. A ampla comunicação, de diferentes informações, pode proporcionar a construção de representações sociais emancipatórias e não só a reificação das representações que já existem.

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