Analisa a temperatura corpórea do paciente na entrada e saída da sala de operação.
A hipotermia é um evento comum no período perioperatório e acarreta complicações significativas ao paciente como tremores, alterações no metabolismo e no sistema de coagulação, eventos cardiovasculares, maior risco para o desenvolvimento de infecções. O centro cirúrgico é um ambiente favorável ao desenvolvimento da hipotermia, devido a inibição dos mecanismos de termorregulação causada pela anestesia e a exposição às baixas temperaturas do ambiente.
Objetivo: Analisar a temperatura corpórea do paciente na entrada e saída da sala de operação. Método: Trata-se de um estudo observacional que analisou dados de 123 pacientes submetidos a procedimentos anestésicos-cirúrgicos em um hospital universitário de grande porte em Minas Gerais, nos meses de novembro e dezembro de 2020. A mensuração da temperatura corpórea timpânica e do ambiente ocorreu nos momentos de entrada e saída da sala de operação. Para verificar a influência das variáveis realizou-se análise univariada via testes de hipótese por meio do método Forward, que selecionou variáveis com valor-p < 0,25. Em seguida, procedeu-se a regressão logística multivariada através do método Backward considerando um nível de 5% de significância para seleção das variáveis.
Resultados: Houve predominância do sexo feminino, idade superior a 60 anos, classificação física pela American Society of Anesthesiologists de II e III, classificação de peso normal, conforme o Índice de Massa Corporal, cirurgia por via convencional e anestesia geral. A temperatura corpórea média na entrada e saída da sala de operação foi 36,58ºC e 35,56ºC, respectivamente, (diferença de -1,02ºC), 90 (73,2%) pacientes apresentaram hipotermia. No modelo final da análise multivariada verificou- se influência significativa na classificação da temperatura corpórea na saída da sala de operação das seguintes variáveis: Índice de Massa Corporal (valor-p 0,006), classificação da American Society of Anesthesiologists (valor-p 0,032), tipo de cirurgia (valor-p 0,008), temperatura corpórea na entrada da sala de operação (valor-p 0,004) e diferença da temperatura da sala de operação (valor-p 0,040). Observou-se a implementação de métodos de prevenção passivos 90 (73,2%) e ativos 33 (26,9%), 8 porém não exerceram influência significativa na ocorrência da hipotermia. Não foi identificada influência significativa da hipotermia na saturação periférica de oxigênio e pressão arterial.
Conclusão: os resultados evidenciaram que a frequência de hipotermia intraoperatória é alta, influenciada por fatores evitáveis como temperatura corpórea na entrada da sala de operação e diferença da temperatura da sala de operação, e ainda, o tipo de cirurgia, Índice de Massa Corporal e classificação da American Society of Anesthesiologists. É fundamental que o enfermeiro implemente ações de prevenção da hipotermia, para evitar complicações e desconfortos por ela ocasionados e promover melhoria do cuidado prestado ao paciente cirúrgico.