Adesão às Medidas de Prevenção de Infecção do Sítio Cirúrgico em Hospitais

24 de agosto de 2023 por filipesoaresImprimir Imprimir

Avaliar a adesão às ações de prevenção e controle da infecção de sítio cirúrgico, adotadas na prática clínica de acordo com as recomendações propostas pela OMS.


As Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) são infecções adquiridas pelos pacientes que recebem cuidados em saúde e representam um dos eventos adversos evitáveis mais frequentes no cenário mundial. O Centers for Disease Control and Prevention (CDC) define IRAS como condições sistêmicas ou localizadas resultantes da ação de agentes infecciosos ou de suas toxinas, que se manifesta a partir de 72 horas da admissão do paciente ou após alta hospitalar.

Adesão às Medidas Para Prevenção da Infecção do Sítio Cirúrgico no Perioperatório

A Infecção de Sítio Cirúrgico (ISC) destaca-se entre as IRAS como uma das mais importantes, está diretamente relacionada aos cuidados cirúrgicos e se configura como um problema de saúde pública mundial, devido aos altos índices de morbimortalidade, além do impacto no tempo de internação e aumento dos custos hospitalares em decorrência do seu tratamento.
Essa infecção acomete de 160.000 a 300.000 pacientes nos Estados Unidos da América (EUA) todos os anos, sendo responsável por um gasto extra de cerca de dez bilhões de dólares anualmente para o seu tratamento e figura em segundo lugar dentre todas as IRAS. Na Europa a situação não é diferente, ela é apontada como a segunda infecção mais recorrente, sendo responsável por cerca de 500.000 casos por ano e aumento do tempo de internação em até três vezes comparada a pacientes cirúrgicos sem infecção. E, no Brasil, ocupa a terceira posição dentre todas as IRAS.
A ISC é considerada multifatorial e a sua ocorrência está relacionada a fatores intrínsecos, do próprio paciente, como a doença de base, tempo de internação no pré-operatório, desequilíbrio nutricional, imunodepressão, infecção preexistente ou coexistente, extremos de idade, e tabagismo, por outro lado, os extrínsecos, ou seja não dependentes do paciente, podem ser atribuídos a técnica cirúrgica, o preparo da pele, rigor da equipe na adoção das medidas de prevenção durante o ato cirúrgico, dentre outros.
Assim, associações e sociedades nacionais e internacionais em consonância com a Organização Mundial de Saúde (OMS), visando melhorar o cuidado ao paciente cirúrgico, prevenir a ISC e garantir assistência operatória mais segura, em 2008, propôs o segundo Desafio Global Cirurgias Seguras Salvam Vidas. Nesse desafio, estabeleceu diretrizes e medidas de prevenção de ISC, tendo como meta reduzir em 25%, até o ano de 2020, as complicações infecciosas em decorrência de procedimentos cirúrgicos.

Prevenção de Infecção do Sítio Cirúrgico

No tocante à prevenção das ISCs, refere-se que cerca de 50% das ISCs podem ser preveníveis quando medidas de profilaxia e controle da ISC são adotadas de forma efetiva, por outro lado, também há evidências de que a não adesão a essas medidas aumentam as taxas de ISC e podem favorecer a ocorrência de eventos adversos nos pacientes, que na maioria das vezes são evitáveis.
Embora as recomendações para prevenir ISC estejam bem descritas e fundamentadas na literatura, não está bem estabelecido como os hospitais de grande porte têm conduzido a adesão às condutas de prevenção de ISC, para o alcance desse desafio da OMS.
Diante do exposto, definiu-se a seguinte questão de pesquisa: como os hospitais de grande porte de Minas Gerais têm adotado as medidas de prevenção de ISC referentes ao desafio global do programa de cirurgia segura da OMS?
Objetivou-se avaliar a adesão às ações de prevenção de ISC adotadas na prática clínica de hospitais de grande porte com base nas variáveis: realização da auditoria de momento da administração de antibiótico, tricotomia com tricotomizador elétrico/ lâmina descartável, confirmação da esterilidade dos materiais e, vigilância e divulgação das taxas de ISC.
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