Avalia o desempenho do Escore Pediátrico de Alerta (EPA) no rastreio de casos de sepse em um contexto hospitalar.
A sepse na faixa etária pediátrica ainda representa um grande desafio, visto que essa população pode apresentar sinais e sintomas incomuns e mecanismos compensatórios melhores que os da população adulta. O desfecho desfavorável dos casos de sepse geralmente está associado ao não reconhecimento precoce dos sinais de piora clínica, atraso no diagnóstico e no tratamento. Nessa perspectiva, a Sociedade Brasileira de Pediatria orienta que os profissionais de saúde atentem para os sinais iniciais da sepse a fim de realizar uma abordagem imediata e resolutiva. Sendo assim, os escores pediátricos de alerta precoce de deterioração clínica podem ser úteis no rastreio dos casos de sepse em crianças e adolescentes hospitalizados. Objetivo: Avaliar o desempenho do Escore Pediátrico de Alerta (EPA) no rastreio de casos de sepse em um contexto hospitalar.
Estudo de teste diagnóstico, retrospectivo, baseado nas recomendações do STARD. A amostra foi composta por 190 crianças e adolescentes internados em um hospital de grande porte do interior da Bahia, Brasil. A coleta de dados secundária foi realizada em banco de dados de um projeto de pesquisa guarda-chuva e nos prontuários e sistema de registros do hospital. O processamento e análise foram realizados no SPSS® version 25.0 for Windows e MedCalc® version 20.00. O desempenho do EPA no rastreio da sepse foi mensurado por meio dos indicadores de Sensibilidade, Especificidade, Valores Preditivos e Receiver Operating Characteristic Curve (ROC curve).
Resultados: Dentre as crianças e adolescentes da amostra 53,2% era do sexo masculino, 70,5% eram pretos e pardos, 64,2% menores de 5 anos, sendo a média de idade 4,39 anos (SD: 4,28) e a mediana 3 anos (IIQ: 1 – 8). No que se refere às características clínicas, 30,5% afirmou ter alguma comorbidade, 40% foi hospitalizado por diagnóstico de infecção, a média do tempo de internamento foi de 12 dias (SD: 20,9) e a mediana de 4 dias (IIQ: 2 – 13,2). Segundo a classificação do EPA, 15,8% tinham sinais moderados e 7,4% sinais graves de deterioração clínica. A prevalência de sepse na amostra foi de 10%. A sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo e valor preditivo negativo do EPA no rastreio de sepse foram de 73,7%, 82,5%, 31,8% e 96,6%, respectivamente. Já a área sob a curva ROC foi de 0,794.
O estudo apresenta as primeiras evidências sobre o desempenho do EPA no rastreio da sepse em um contexto hospitalar brasileiro, sendo considerado um PEWS com boa capacidade para discriminar corretamente pacientes pediátricos com e sem sepse na amostra estudada. Produção bibliográfica: Manuscrito intitulado “Desempenho do Escore Pediátrico de Alerta (EPA) no rastreio da sepse em um contexto hospitalar brasileiro”. Produção técnica: Protocolo para aplicação do EPA no rastreio da sepse em unidades de internamento.