Identifica as potencialidades e fragilidades da formação holística em um curso de graduação em Enfermagem.
Holismo é um conceito filosófico associado ao entendimento amplo dos fenômenos, sem reducionismo ou fragmentação. Saúde holística baseia-se em uma combinação de conhecimentos e de práticas de saúde que procuram abordar o ser humano nas suas dimensões física, mental e espiritual, em uma interação ecológica-social e cósmica, apontando para uma visão sistêmica e transdisciplinar do processo saúde-doença.
Os objetivos deste estudo foram identificar potencialidades e fragilidades da formação holística em um curso de graduação em Enfermagem e evidenciar as sugestões de alunos e docentes para a formação holística. Trata-se de pesquisa descritiva de abordagem qualitativa que utilizou o discurso do sujeito coletivo e a análise temática de conteúdo. Os participantes foram 10 alunos do último semestre e 5 docentes do curso de graduação em Enfermagem da PUC-SP.
A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista oral, gravada em áudio, orientada por roteiro com questões norteadoras e aplicação de formulário sociodemográfico. Os discursos foram categorizados em três temas e respectivos subtemas: potencialidades da formação holística (compreensão do ser humano em todas as suas dimensões, visão global de um fenômeno, terapias integrativas, abordagem satisfatória, vivências na UBS, vivência no primeiro ano, vivência no quarto ano e condições adequadas para enfoque holístico), dificuldades para a formação holística (holismo como maneira de ver o outro, abordagem insuficiente, abordagem limitada ao primeiro ano, prevalência do enfoque biológico e social, influência dos valores pessoais do docente, dificuldades para a realização do cuidado holístico, vivencia isolada, lacuna a ser preenchida, desvalorização do tema, perda de ênfase do enfoque biológico, tempo limitante), sugestões para a formação holística (conhecer a realidade dos alunos, priorizar o cuidado de enfermagem, aprofundar o tema nas tutorias, mudar a visão de algumas professoras, equilibrar os conteúdos, iniciar a abordagem no primeiro ano, capacitação holística para os professores, integração teoria e prática, compreender o ser humano em todas as suas dimensões, qualidade de vida no trabalho docente).
Foram destaque as experiências vivenciadas no 1º e 2º ano e no estágio curricular supervisionado que, aliadas aos marcos conceituais e o modelo pedagógico do curso, potencializam a formação holística. Porém, ainda há desafios a serem vencidos para uma abordagem holística continuada, equilibrada e integrada, sem fragmentações, com personalização do cuidado baseando-o em teorias de enfermagem, professores que combinem sensibilidade com prática científica, trabalho interprofissional e educação holística permanente para docentes e profissionais de saúde.