PRO-Trauma: Protocolo Para Promoção do Conforto às Vítimas de Trauma Imobilizadas

3 de maio de 2022 por filipesoaresImprimir Imprimir

Apresenta o protocolo de um estudo que procura desenvolver uma escala para avaliação do desconforto provocado pela imobilização nas vítimas de trauma e um modelo de maca eficaz na imobilização da vítima de trauma em desenvolvimento.


O socorro pré-hospitalar às pessoas vítimas de trauma deve dar prioridade à manutenção da via aérea, ao controlo das hemorragias externas e do choque, à imobilização, e transporte para a unidade hospitalar mais próxima, dando natural preferência a um centro de trauma.

Vitimas-Trauma-Imobilizadas

PRO-Trauma: Protocolo Para Promoção do Conforto às Vítimas de Trauma Imobilizadas. Foto: Divulgação.

As vítimas com suspeita de lesões na coluna vertebral requerem o uso de plano duro para prevenção de lesões secundárias, resultantes da sua extração, transporte e cuidados pré e intra-hospitalares. A imobilização da coluna vertebral, muitas vezes mandatória, está associada a uma série de complicações, como lesões por pressão, pressões intracranianas elevadas, dor e desconforto. O plano duro é de difícil utilização em pessoas com lordose cervical e/ou lombar. Dadas as implicações da utilização do plano duro no transporte das vítimas de trauma, com necessidade de imobilização, a adoção da Maca de Vácuo, dispositivo que tem a capacidade de se moldar ao corpo da vítima, permite melhorar, aparentemente, as pressões da interface pessoa/maca. Alguns estudos reportam que uma melhor gestão das pressões, gera uma melhoria global do conforto do doente e diminuição do risco de lesão por pressão comparativamente ao uso de plano duro. Todavia, outros contrariam estes resultados demonstrando que o conforto e a dor não melhoram significativamente.

Em Portugal, nas Ambulâncias Suporte Imediato de Vida (ASIV) o transporte da vítima de trauma, com suspeita de lesão da coluna vertebral, é realizado com recurso a ambos os dispositivos. Com a ausência de consenso quanto à eficácia da utilização do plano duro ou maca de vácuo na gestão da dor e desconforto, impera a necessidade de se desenvolverem linhas de investigação que contribuam para a otimização do conforto global da vítima. A gestão da dor, a diminuição da pressão intracraniana, o aquecimento das vítimas com hipotermia e a diminuição do impacto da trepidação/vibração resultante do transporte, são medidas a ter em consideração no desenvolvimento de novos dispositivos a implementar no socorro às vítimas de trauma.

Os objetivos gerais deste protocolo são desenvolver uma escala para avaliação do desconforto provocado pela imobilização nas vítimas de trauma e desenvolver um modelo de maca eficaz na imobilização da vítima de trauma. Para o conhecimento da real perceção dos níveis de desconforto das vítimas de trauma durante o socorro, o relato destas pessoas é absolutamente determinante.

Com a identificação dos aspetos responsáveis pela incapacidade da correta gestão da dor por parte dos profissionais de saúde, a abordagem à vítima tornar-se-á mais dirigida às reais necessidades. Neste sentido, assume-se como fundamental identificar e descrever as experiências vivenciadas pelas vítimas de trauma, como contributo para o desenvolvimento de uma escala que permita monitorizar o desconforto resultante da imobilização, assim como, para o desenvolvimento de uma maca capaz de melhorar a gestão global do desconforto.

Compartilhar