Descreve as experiências de residentes multiprofissionais na Estratégia Saúde da Família acerca da aplicação de ações interdisciplinares no enfrentamento do novo Coronavírus.
O advento dessa doença no Brasil trouxe grandes apreensões às autoridades, com isso, o Ministério da Saúde (MS), pautado em declarações da Organização Mundial de Saúde (OMS), vem estabelecendo medidas para a redução da infecção viral por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), o qual tem sido essencial no delineamento ao combate à essa pandemia, tendo como uma das ferramentas os serviços de saúde ofertados por meio de muitos dispositivos, com ênfase a Estratégia Saúde da Família (ESF).
A abordagem da saúde pública na ESF, destaca-se pelo seu importante papel de atuação diretamente na comunidade, desenvolvendo ações de prevenção e promoção da saúde, de modo a atender os princípios de universalidade, integralidade e equidade, dispostos no SUS. Assim, a ESF configura-se como porta de entrada preferencial do sistema de saúde, elemento fundamental na resposta global ao problema em questão, ofertando atendimento resolutivo e coordenando o cuidado em todos os níveis de atenção. Entreposto a esse eixo, pode se citar também o Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF), que tem como objetivo aumentar a resolutividade dos problemas populacionais, junto às equipes de saúde da família.
A organização dos serviços na ESF orienta as práticas profissionais na lógica da promoção da saúde e prevenção de doenças, tornando-se uma proposta com dimensões técnica, política e regionalizada de acordo com os princípios do SUS e das necessidades da comunidade. Com isso, pressupõe-se que o processo de trabalho dos profissionais de saúde que desenvolvem suas práticas de cuidados nessas unidades proponha e execute ações pautadas na interprofissionalidade e nas práticas colaborativas, a fim de identificar e atender as demandas da população que habita na área de abrangência de suas unidades de saúde.
Dessa forma, as práticas interprofissionais são o caminho no enfrentamento de cenários calamitosos vivenciados hodiernamente. O desenvolvimento de educação em saúde, acolhimento e a mobilização, a participação da comunidade são potentes ferramentas para o fazer das equipes no cotidiano de vida, saúde e doença dos indivíduos.
Para tanto, este cenário complexo impõe desafios às equipes multiprofissionais. Atentar para o comportamento desta pandemia nos respectivos territórios, configura-se importante para as ações desenvolvidas pela vigilância epidemiológica, portanto, torna imprescindível a atualização de estratégias de enfrentamento, sobretudo, por meio de medidas que reduzam as desigualdades de acesso e iniquidades aos sistemas de saúde e a condições estruturais para o autocuidado. Ressalta-se ainda, a importância da abordagem interprofissional na ESF, sobretudo, pelo aspecto de integridade nos cuidados de saúde, pois no momento o saber de cada profissional compartilhado aponta-se como estratégia contra-hegemônica e torna-se crucial no combate ao Coronavírus.