Pesquisa estuda nova vacina contra dengue e mobiliza 800 voluntários

8 de janeiro de 2018 por filipesoaresImprimir Imprimir


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Cerca de 800 voluntários já foram imunizados contra a dengue, em Cuiabá. Através da vacina que está sendo desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com o Hospital Universitário Júlio Müller, vinculado à UFMT. O trabalho, que começou há pouco mais de um ano, agora procura voluntários de 2 a 17 anos para que se encerrem as imunizações na Capital no próximo mês de março.

Os estudos, coordenados pelo Instituto Butantan, estão na fase de ensaio clínico nível 3. E tiveram início em outubro do ano passado. Cuiabá é um dos 17 centros no Brasil que também estão coletando dados sobre a vacina junto aos voluntários. A missão para Mato Grosso é vacinar 1,2 mil pessoas, ou seja, ainda há 400 vagas para voluntários.

Satisfação dos voluntários

“Aqui em Cuiabá a maioria esmagadora dos voluntários está satisfeita. E entende que a intenção do projeto é salvar vidas. Fazendo com que a dengue pare de ser um problema de saúde. Sabendo disso, eles têm respeitado os procedimentos e retornado às consultas”, pontua ao o infectologista Thiago Rodrigues, subinvestigador do projeto.

O pesquisador afirma que a fase de inclusão de adultos já está encerrada. E que no momento o trabalho está aguardando a inclusão de crianças e adolescentes. Nessa faixa etária, para receber a dosagem da vacina o menor de idade precisa de autorização do pai e da mãe.

Thiago comenta que a vacina não impõe nenhum tipo de restrição ao voluntário. A única coisa que os médicos pedem ao paciente é comunicar todos os medicamentos que estão sendo tomados e que a pessoa não se vacine nos 28 dias após a imunização contra a dengue. O fato serve para não atrapalhar a interpretação em relação ao estudo.

Imunização pelo resto da vida

Ele pontua que o voluntário recebe a imunização que pretende protegê-lo pelo resto da vida. A pessoa imunizada será acompanhada pela equipe médica por 5 anos e deverá retornar em 10 consultas.

“Esses retornos servem para a gente ter o feeling pessoal, para saber se a vacina está funcionando no voluntário ou não. Todos os dados são sigilosos e nós enviamos diretamente para o Instituto Butantan, até por isso não temos nenhuma avaliação prévia”, explica.

Ao todo, o laboratório que realiza o trabalho em Cuiabá conta 18 pessoas, sendo médicos (2), agentes de saúde (4), secretárias (2), técnicas de enfermagem (2), enfermeiros (2), farmacêuticos (2), técnicos em laboratórios (2) e o coordenador geral, o médico pesquisador Cor Jesus.

Vacina

A iniciativa visa combater que os brasileiros sejam infectados pelo vírus da dengue, causador da morte de 794 pessoas no país no ano passado, de acordo com o Ministério da Saúde. A doença é considerada endêmica – quando acontece com muita frequência em uma região – em mais de 120 países do mundo.

Por causa da situação do contágio, Thiago defende que as pesquisas são de suma importância para salvar vidas. Apesar disso, ainda em 2017 os pesquisadores ainda lutam contra correntes antivacina, muito famosas em países como os Estados Unidos.

A atriz Jenny MacCarthy, ex-esposa do comediante Jim Carrey, por exemplo, chegou a encabeçar grandes campanhas contra a vacinação após um estudo fraudado sugerir uma correlação entre a imunização em crianças e o surgimento do autismo.

“Essa onde também existe no Brasil. Mas a grande verdade sobre as vacinas é que elas estão entre as três principais invenções da medicina. O fato científico é que se não fosse pelo advento delas a geração dos nossos pais não teria sobrevivido”, defende o pesquisador.

Especificamente em Cuiabá, Thiago revela que muitas pessoas chegam ao laboratório bastante “desconfiadas” sobre os procedimentos. Apesar disso, ele diz que após uma conversa com os profissionais essas pessoas entendem e até começam a ser orgulhar de fazer parte do trabalho. Como é o caso do próprio pesquisador.

“É gratificante saber que milhões de vidas poderão ser salvas futuramente a partir de um trabalho que a gente participou. O alcance de bons resultados dessa pesquisa tem dimensões globais. Então no meu caso essa é uma satisfação pessoal e profissional enorme, que não tem preço”, finaliza.

Fonte: [1]

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