Até 2050, o número de pessoas com 60 anos ou mais chegará a 2 bilhões, mais que o dobro dos 900 milhões de indivíduos nessa faixa etária registrados em 2015. Os idosos representarão um quinto da população do planeta, mas os atuais sistemas de saúde não estão preparados para atendê-los de forma adequada, aponta a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em pronunciamento para o Dia Internacional da Pessoa Idosa, comemorado em 1º de outubro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) fez um apelo por políticas de atendimento mais eficazes para pessoas com 60 anos ou mais. Organismo defendeu medidas para evitar declínio nas capacidades físicas e mentais ao longo da terceira idade.
Até 2050, o número de pessoas com 60 anos ou mais chegará a 2 bilhões, mais que o dobro dos 900 milhões de indivíduos nessa faixa etária registrados em 2015. Os idosos representarão um quinto da população do planeta.
“Os sistemas de saúde do mundo não estão prontos para populações idosas”, afirma John Beard, diretor do Departamento de Envelhecimento e Curso de Vida na OMS.
De acordo com a agência da ONU, embora as pessoas estejam vivendo mais, há poucas evidências de que os idosos de hoje estejam vivendo sua idade avançada melhor que seus pais. Apesar de uma diminuição nas taxas de incapacidade grave nos países de alta renda nos últimos 30 anos, não houve mudança significativa nas taxas de incapacidade leve e moderada durante o mesmo período.
A OMS lembra que idosos são mais propensos a ter problemas crônicos de saúde e, muitas vezes, múltiplos problemas ao mesmo tempo. No entanto, os atuais sistemas de saúde geralmente se concentram na detecção e tratamento de doenças agudas individuais.
“Se os sistemas de saúde devem satisfazer as necessidades das populações idosas, precisam prestar cuidados contínuos com foco em questões que importam para elas, como dor crônica, dificuldades para ouvir, ver e andar ou realizar atividades diárias”, acrescenta Beard. “Isso exigirá uma melhor integração entre os prestadores de cuidados.”
A articulação das diferentes áreas da saúde ainda é um desafio no atendimento aos idosos. Em uma pesquisa realizada em 11 países de renda alta, até 41% das pessoas com 65 anos ou mais relataram problemas na coordenação dos prestadores de cuidados nos últimos dois anos.
Para reverter esse cenário, a OMS conta com diretrizes específicas — o documento Guidelines on Integrated Care for Older People — para melhorar a integração dos setores que lidam com idosos. Publicação visa aprimorar atendimento por meio de iniciativas como planejamento e avaliação integral dos pacientes.
Segundo o organismo internacional, alguns países já adotaram estratégias que vão ao encontro das recomendações da OMS. É o caso do Brasil, que implementou avaliações integrais e expandiu seus serviços para idosos. Em Maurício, o Ministério da Saúde fornece cobertura de saúde universal para idosos, incluindo uma rede de clubes de saúde e clínicas de cuidados primários, com serviços mais sofisticados em hospitais.
Na França, um novo Centro de Colaboração da OMS chamado Gerontopole, localizado no Hospital Universitário de Toulouse, está ajudando a avançar na pesquisa, prática clínica e treinamento em Envelhecimento Saudável.
Também observando a data, o escritório regional da OMS, a Organização Pan-Americana (OPAS), lembrou outros desafios vividos por idosos. Um estudo publicado recentemente no periódico Lancet Global Health revelou que um em cada seis idosos sofre alguma forma de abuso. O número é maior do que o estimado anteriormente e, com o envelhecimento da população, tende a aumentar.
A pesquisa descobriu que quase 16% das pessoas com 60 anos ou mais foram submetidas a abusos psicológicos (11,6%), abusos financeiros (6,8%), negligência (4,2%), abusos físicos (2,6%) ou abusos sexuais (0,9%). Os cálculos foram feitos a partir das descobertas de outros 52 levantamentos, conduzidos em 28 países, incluindo 12 de baixa e média renda.
Outro problema são os estereótipos associados à terceira idade. As pessoas mais velhas são frequentemente consideradas frágeis ou dependentes, além de serem vistas como um fardo para a sociedade.
A saúde pública e as comunidades como um todo precisam abordar essas e outras questões, que podem levar à discriminação e afetar a implementação de políticas públicas.
A Organização Pan-Americana da Saúde lembra ainda que a OMS está desenvolvendo uma Estratégia Global e um Plano de Ação sobre Envelhecimento e Saúde. O marco será elaborado e aprovado em consulta com os Estados-membros.
Até agora, já foram definidas, como ações prioritárias, a criação de ambientes age-friendly (“amigáveis aos idosos”) e melhorias no monitoramento estatístico do bem-estar dos idosos. Outras propostas incluem a adaptação dos sistemas de saúde às necessidades das pessoas com 60 anos ou mais.
Fonte: [1]