Processo de construção de um folder educativo sobre violência contra a mulher, destinada a promoção da saúde de mulheres.
A violência contra as mulheres caracteriza-se por “qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no privado”. Está presente em todo o mundo e atinge mulheres de todas as idades, classes sociais, raças e credos, com prejuízos psicológicos, físicos e sociais. Os atos violentos ocorrem principalmente dentro do lar e são comumente praticados por alguém da família, em especial o próprio companheiro. Devido a essa relação íntima com o agressor ser tão frequente, a abordagem dos casos de violência contra a mulher requer atenção especial.
No cotidiano do trabalho com mulheres vítimas de queimaduras, muitos relatos apresentam-se suspeitos e até incompatíveis com a história acidental normalmente relatada. A exploração do tema “agressão” com as pacientes durante o atendimento médico em uma unidade de queimados mostrou se delicado, pois envolve uma miscelânea de sentimentos. Muitas apresentam dificuldades em reconhecer a presença de comportamentos abusivos no ambiente doméstico e acabam por calar-se por medo, insegurança ou vergonha. No âmbito hospitalar, a ausência de suspeição por parte dos profissionais de saúde de que a queixa da paciente (muitas vezes inespecífica, mascarada ou incompatível) seja resultado de violência também contribui para a perpetuação da situação e a não orientação da paciente acerca do que fazer.
Durante o processo de atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS), a comunicação e a troca de informações, especialmente na questão da violência contra a mulher, é fundamental uma vez que todo o caminho do cuidado às paciente vítimas de abuso não depende exclusivamente de procedimentos e medicamentos, mas também do desenvolvimento de habilidades de prevenção, reconhecimento e enfrentamento das situações violentas.