Novo Paradigma De Restrição De Movimento De Coluna Em Atendimento Pré-Hospitalar No Brasil

26 de fevereiro de 2019 por filipesoaresImprimir Imprimir


Traumas de coluna cervical representam aproximadamente 3,5% dos casos de trauma que se apresentam no Departamento de Emergência ao redor do mundo. Sendo que apenas 2% das lesões de coluna cervical serão clinicamente importantes. Como fraturas e listeses e irão necessitar de uma avaliação com especialista.

O colar cervical e a prancha rígida para o atendimento de vítimas com provável trauma raquimedular, tem sido utilizados no mundo há mais de 40 anos. Tal é a forma que o emprego destes se tornaram o estado da arte no atendimento pré-hospitalar. No entanto. Nos últimos anos. Inúmeros pesquisadores. De vários países questionaram se esses dispositivos realmente imobilizariam a coluna vertebral de forma adequada. Além de demonstrar que eles podem causar inúmeros prejuízos à saúde do paciente, consequentemente passando a criticar o uso excessivo, robotizado e não racional dos equipamentos.

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A prancha rígida

Serviços pré-hospitalares americanos como os dos estados de Massachusetts e Califórnia há mais de 5 anos já não utilizam a prancha rígida de rotina. Sendo o colar cervical empregado de forma consciente em protocolos institucionais. É sabido que a presença do colar e da prancha rígida podem gerar dor. Estresse. Ansiedade. Desconforto. Aumento da pressão intracraniana em até 4,5 mmHg. Aumento do risco de úlceras de pressão, dificuldade de manejo de via aérea e incremento no risco de bronco aspiração. Além disso, em trauma penetrante foi observado aumento de mortalidade quando a imobilização da coluna vertebral resultou em aumento no tempo de transporte.

Restrição de movimento de coluna

1. Lesões instáveis da coluna vertebral podem evoluir para lesões neurológicas graves, com o movimento excessivo da coluna lesada.

2. Técnicas atuais limitam ou reduzem o movimento da coluna, mas não fornecem verdadeira imobilização. O termo “restrição de movimento da coluna vertebral” seria mais apropriado do que “imobilização da coluna vertebral”.

3. Pranchas tem sido historicamente usadas para imobilização da coluna, mas restrição de movimento da coluna vertebral também pode ser obtida com o uso de maca colher, maca à vácuo ou a própria maca da ambulância.

4. Indicações para restrição de movimento da coluna vertebral, após trauma contuso incluem:

  • Nível de consciência agudamente alterado (por exemplo, GCS <15, evidência de intoxicação).
  • Dor e/ou sensibilidade na linha média cervical ou dorso.
  • Sinais neurológicos focais (sintomas sensitivos e motores).
  • Deformidade anatômica da coluna.

Circunstâncias ou lesões que causem distração (fraturas de ossos longos, por exemplo) ou que reduzam a capacidade do paciente colaborar para um exame confiável. Barreira linguística também é uma indicação para RMC.

Restrição de movimento espinhal

5. Se indicada a restrição de movimento espinhal, esta deve ser aplicada a toda a coluna (lesões não contíguas), com o uso do colar cervical de tamanho apropriado e o restante da coluna estabilizado (cabeça, cervical e tronco alinhados). Para isso poderia se utilizar a prancha rígida. Maca colher. Maca à vácuo ou a maca da ambulância. Se a elevação da cabeça for necessária. O dispositivo de restrição deve ser elevado até a cabeça. enquanto se mantém o alinhamento do pescoço e do tronco.

6. Todas as transferências de pacientes criam potencial para deslocamento não desejável de uma lesão instável da coluna. Sendo assim a prancha rígida. Maca colher ou maca à vácuo são recomendados para ajudar na transferência de pacientes. Minimizando-se flexão. Extensão ou rotação de uma coluna possivelmente lesada.

7. Quando paciente já posicionado com segurança na maca da ambulância. Dispositivos de transferência ou de extricação podem ser removidos. Se um número adequado de pessoal treinado estiver presente. Os riscos da manipulação do paciente devem ser pesados contra os benefícios da remoção do dispositivo. Se tempo esperado de transporte for curto. Pode ser melhor transportar o paciente no dispositivo e removê-lo ao chegar ao hospital. Se decidir por remover o dispositivo de extricação na cena. A restrição de movimento espinhal deve ser mantida. Para assegurar que o paciente permaneça posicionado de forma segura na maca da ambulância com um colar cervical.

Segurança de pacientes

8. Hospitais deveriam estar preparados e equipados para remover com segurança pacientes da prancha rígida para a maca. Isso pode exigir uso de uma placa deslizante ou dispositivo similar. Para manter a restrição de movimento espinhal durante a movimentação do paciente.

9. Não há indicação de restrição de movimento espinhal em trauma penetrante.

10. Restrição de movimento espinhal em crianças:

A idade por si só não deve ser um fator decisivo para restrição da coluna vertebral, tanto para a criança pequena como para a criança que pode fornecer uma história confiável.

Crianças pequenas apresentam barreiras de comunicação. No entanto, isso não deve obrigar a indicação de restrição da coluna vertebral puramente pela idade.

Cuidados de emergência pediátrica

Com base nas melhores evidências pediátricas disponíveis. Um colar cervical deve ser aplicado. Se o paciente apresentar qualquer um dos seguintes: queixa de dor no pescoço. Torcicolo. Déficit neurológico. Status mental alterado. Incluindo GCS 15, intoxicação e outros sinais. Envolvimento em uma colisão de veículo motorizado de alto risco. Lesão por mergulho de alto impacto ou lesão substancial no tronco.

Não há evidências que suportem uma alta incidência de lesão medular multinível não contígua em crianças. A taxa de lesões multiníveis contíguas em crianças é extremamente baixa, em 1%. A taxa de lesões multiníveis não contíguas em crianças é considerada igualmente baixa.

Paciente sobre pranchas

Minimize o tempo do paciente sobre as pranchas. Considerando o uso de uma maca a vácuo ou preenchimento com acessórios para reduzir o risco de dor e úlceras de pressão, se este tempo for prolongado.

Devido à variação na razão entre o tamanho da cabeça e o corpo em crianças pequenas em relação aos adultos, o acolchoamento adicional sob os ombros é frequentemente necessário para evitar a flexão excessiva da coluna cervical com o uso da restrição da coluna vertebral.

A mudança nos serviços de pré-hospitalar no Brasil se faz necessária, respeitando-se a realidade nacional e local das equipes. Com isso. Os atendimentos ficarão mais seguros, ágeis e custo-efetivos. Sempre pautados em Medicina baseada em Evidências. Em 2018, o SAMU junto com o Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro adotaram protocolos de restrição do movimento da coluna vertebral.

Fonte: [1]

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