Descreve a contribuição das boas práticas dos cuidados de enfermagem para o desenvolvimento da saúde mental após a reforma psiquiátrica.
Os cuidados psiquiátricos até meados do século XXI estiveram restritos aos hospitais psiquiátricos, caracterizados por internações prolongadas e segregativas da pessoa com transtorno mental. Esse modelo assistencialista, passou a ser questionado por meio do Movimento da Reforma Psiquiátrica no Mundo, sendo caracterizado por dois períodos na História. O primeiro diz respeito ao Processo de crítica à estrutura asilar com o surgimento das comunidades terapêuticas na Inglaterra e Estados Unidos e Psicoterapia na França. E o segundo, na prevenção e promoção da saúde mental com a Psiquiatria comunitária ou preventiva na França e Estados Unidos. Entretanto, apenas em 2001, no Brasil, com a aprovação da Lei Federal nº 10.216, que foi iniciado as reformulações das internações psiquiátricas, com a criação de programas de reinserção social da pessoa com transtornos psíquicos e da Rede de Atenção Psicossocial, com o surgimento dos Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), leitos psiquiátricos em hospitais gerais, Residências terapêuticas, dentre outros.
Antes da aprovação dessa lei, os cuidados de enfermagem se baseavam em cuidados gerais de saúde, higiene, alimentação e administração de medicamentos aos pacientes psiquiátricos. Esses profissionais não tinham preparo adequado para lidar com situações rotineiras, e dessa forma, agiam com agressividade e violência para com os pacientes.
Com a atual política de saúde mental funcionante, os profissionais de enfermagem necessitam estar capacitados para prestarem assistência adequada à população, tendo como meta o planejamento de cuidados que busque compreender, se relacionar de forma holística e a reinserção social da pessoa com transtorno mental. Nesta perspectiva, requer conhecimento científico mais consolidado em relação aos transtornos mentais, a fim de prestar uma assistência de enfermagem mais qualificada por meio de uma relação interpessoal adequada com pacientes, familiares, equipe multi e interdisciplinar e a comunidade, contribuindo para a efetiva melhora clínica.
Sabe-se que a relação terapêutica entre enfermeiro e paciente é reconhecida como um componente essencial da assistência psiquiátrica, não somente no Brasil, mas no mundo. Um bom envolvimento entre o paciente e a equipe de enfermagem, marcada por profissionalismo, cuidado e dedicação, corrobora para o atendimento integral das necessidades humanas básicas dos pacientes. Além disso, a escuta terapêutica, dentre outros métodos de intervenção no processo de enfermagem, contribui para a reabilitação das pessoas com transtornos mentais.