Atualmente, no Brasil, os serviços de emergência funcionam acima de sua capacidade máxima, com taxa de ocupação de leitos acima de 100%, número insuficiente de profissionais, profissionais sem capacitação ou sem reciclagem, excesso e inadequação da demanda, verba insuficiente, gerenciamento precário de recursos, sem leitos de retaguarda e planejamento efetivo. Essas dificuldades, ainda, podem ser maiores quando coexiste déficit de estrutura e de organização da rede assistencial.
As principais causas para o aumento do número de emergências psiquiátricas são a crescente incidência de violência, a epidemia de dependência de álcool e outros transtornos relacionados a substâncias como crack, cocaína, maconha, anfetaminas, dietilamida do ácido lisérgico (LSD), ecstasy ou heroína, evidenciando a necessidade de abrangência ampliada para o atendimento destes casos nos Serviços de Emergência.
Entretanto, frequentemente, o diagnóstico psiquiátrico no contexto dos serviços de emergência é elaborado a partir de uma única avaliação e sem informações adicionais dos acompanhantes. Além disso, devido à alta demanda e rotatividade de pacientes nestes locais, o tempo de avaliação é limitado e não há a possibilidade de seguimento do paciente, para observação da evolução clínica.
Os transtornos psiquiátricos são bastante prevalentes na população geral e situações de intervenção imediata nos Serviços de Emergência são amplamente comuns. Portanto torna-se fundamental a compreensão das características da população atendida, a fim de otimizar a assistência e o fluxo de atendimento.
Deste modo, os objetivos deste estudo foram identificar o perfil sociodemográfico e clínico e avaliar a adesão ao tratamento medicamentoso domiciliar e, os fatores associados, de pacientes com distúrbios psiquiátricos atendidos no Serviço de Emergência.