Auriculoterapia e a Síndrome de Burnout em Enfermeiras da Atenção Primária à Saúde

28 de junho de 2021 por filipesoaresImprimir Imprimir

Analisa a utilização da Auriculoterapia no enfrentamento e controle da Síndrome de Burnout em enfermeiras da Atenção Primária em Saúde.


A auriculoterapia utiliza pontos energéticos específicos da orelha para tratar várias desordens do corpo. A Síndrome de Burnout é uma resposta ao estresse crônico e apresenta três dimensões: exaustão emocional, desumanização e decepção com o trabalho. O objetivo do estudo é analisar a utilização da auriculoterapia no enfrentamento e controle da SB em enfermeiras da Atenção Primária em Saúde.

Auriculoterapia e a Síndrome de Burnout em Enfermeiras da Atenção Primária à Saúde

Auriculoterapia e a Síndrome de Burnout em Enfermeiras da Atenção Primária à Saúde. Foto: Divulgação

Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem quantitativa e delineamento quase-experimental do tipo pré-teste e pós-teste. Foi desenvolvido nas unidades da APS do município de Natal, RN. A amostra não-probabilística acidental foi composta por 75 enfermeiras diagnosticadas com a doença em níveis leve, moderado e grave através da Escala de Caracterização do Burnout. O cortisol salivar foi coletado em todas as enfermeiras para comparação da concentração antes e após a aplicação da auriculoterapia nas trabalhadoras identificadas com a síndrome, sendo a dosagem do hormônio realizada pela técnica de ELISA competitiva. Doze sessões foram realizadas e o pontos utilizados foram: de ação específica (ansiedade), da Medicina Tradicional Chinesa (fígado, baço/pâncreas e coração), do sistema nervoso (Shem Men e simpático) e do sistema endócrino (suprarrenal).

Obteve-se parecer favorável junto ao Comitê de Ética em Pesquisa, CEP/UFRN, protocolo nº 2.444.525, e cadastro na plataforma de Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos sob o número RBR-4xbqbw. Os dados foram coletados de janeiro a junho de 2017 através de um questionário sociodemográfico e ocupacional, da Escala de Caracterização do Burnout e do cortisol salivar pelo dispositivo SalivetteMR. Foram utilizadas técnicas de estatística descritiva com medidas de frequência para variáveis categóricas.

Na análise inferencial foi utilizado o teste Qui quadrado para verificação da associação entre as variáveis categóricas estado civil, filhos e formação. Posteriormente foi testada a normalidade dos dados para as variáveis numéricas por meio do teste Kolmogorov Smirnov, utilizado o teste T Student, teste de Mann-Whitney e a análise de variância para comparação entre os grupos. Todas as dimensões da ECB apresentaram valores de Alfa acima de 0,70: Exaustão=0,943; Desumanização=0,824; Decepção no trabalho 0,738. As enfermeiras apresentaram frequência percentual moderada de exaustão emocional (74,7%), acompanhadas de leve desumanização (81,3%) e leve decepção no trabalho (60%).

A prevalência da Síndrome de Burnout em níveis foi: grave (n=2), moderado (n=5) e leve (n=64). Apenas quatro enfermeiras não apresentaram a doença. As correlações entre as variáveis sóciodemográficas e ocupacionais demostraram significância estatística fraca para as correlações negativas entre exaustão e o tempo de serviço; e entre decepção e o tempo de serviço; e correlações positivas fracas entre desumanização com exaustão e decepção; e entre decepção com exaustão, além de uma forte tendência estatística para a correlação positiva entre a decepção e a idade.

Os testes de comparação entre as dimensões da doença e as variáveis ocupacionais mostraram que a exaustão emocional e a decepção com trabalho possuem relação com o tempo de serviço (menos de 8 anos) e entre a exaustão emocional com relação à carga horária de trabalho (jornada de 40h semanais). A análise de variância entre as dimensões da escala revelou diferença estatisticamente significativa entre todas as dimensões da doença.

A comparação do cortisol salivar dentro dos grupos (Burnout leve, moderado, grave e sem a doença) entre os turnos de coleta (manhã e tarde) mostrou significância estatística entre os grupos da Síndrome de Burnout leve, grave e sem a doença. Não houve associação significativa entre as concentrações de cortisol salivar e as variáveis tempo de serviço e carga horária de trabalho.

Comparando-se a concentração do cortisol salivar (manhã e noite) antes e após a intervenção observou-se uma redução significativa nas enfermeiras que realizaram a terapia e que possuíam a doença em seu nível grave.

Conclui-se que a Síndrome de Burnout possui associação com tempo de serviço menor de 8 anos e jornada de trabalho de 40h semanais e que a auriculoterapia reverteu sintomas físicos e mentais reduzindo a concentração do cortisol salivar das enfermeiras com nível moderado e grave da doença.

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