Identifica a associação entre os fatores de risco e as complicações pós-operatórias em pacientes submetidos a cirurgia cardíaca.
As doenças cardiovasculares (DCV) são responsáveis por 27% dos óbitos durante a vida produtiva dos indivíduos, sendo a primeira causa de morte entre os brasileiros. As doenças coronárias (32%), o acidente vascular cerebral (AVC) (28%) e a insuficiência cardíaca (IC), são as principais causas de óbitos no Brasil.
Ao se comparar as causas de óbitos com causas não cardíacas, o percentual de mortes por DCV é maior nas regiões Sul e Sudeste do país. Além dos custos indiretos causados pela redução da produtividade, afastamento do trabalho e os efeitos negativos que afetam a qualidade de vida das pessoas e familiares, as DCV destacam-se ainda, os maiores custos de internações e tratamentos no Sistema Único de Saúde (SUS).
A probabilidade de desenvolver DCV aumenta com a presença dos fatores de risco clássicos como a hipertensão, dislipidemia, obesidade, sedentarismo, tabagismo e histórico familiar. Além disso, outros fatores como questões sociodemográficas, étnicas, culturais, dietéticas e comportamentais, podem justificar as diferenças na carga de DVC e suas tendências entre as populações ao longo das décadas.
Faz parte das DCV, a doença arterial coronariana (DAC) ou doença isquêmica do coração (DIC). A DAC compreende um conjunto de condições clínicas sintomáticas e assintomáticas que estão relacionadas com a redução de fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco. A doença aterosclerótica das artérias coronárias é uma condição crônica e é a causa mais comum das DCV que progride desde uma longa fase assintomática até angina estável, infarto agudo do miocárdio (IAM) e angina instável. Enquanto que a DAC é a causa mais comum de insuficiência cardíaca (IC), com fração de ejeção ventricular (FEVE) reduzida ou preservada, arritmias ventriculares e parada cardíaca súbita.
O tratamento da DAC é baseado na análise individual. No entanto, quando o tratamento não-farmacológico não está respondendo positivamente, as opções terapêuticas, incluindo o tratamento farmacológico, a angioplastia e a cirurgia de revascularização miocárdica (CRM) podem ser a escolha. As cirurgias cardíacas mais realizadas são a CRM e as correções das valvulopatias. Desse modo, a cirurgia cardíaca é o tratamento de escolha quando a expectativa de vida do paciente é maior com o tratamento cirúrgico do que com o tratamento clínico, e a qualidade de vida ultrapassa as consequências negativas esperadas do procedimento.
Estudo que contemplou 5.000 pacientes de todas as regiões do país, sendo 70% com DCV, evidenciou que 30% dos pacientes não apresentavam controle dos fatores de risco e das comorbidades, apesar de estarem em centros de cardiologia especializados. Com isso, torna-se necessário estar alerta aos pacientes acompanhados na atenção primária, pois pode estar ocorrendo um declínio na detecção e diagnóstico dos fatores de risco na população, o que agrava ainda mais o quadro de saúde dos pacientes.
Sendo assim, independente da fase operatória, as cirurgias cardíacas são complexas e requerem um planejamento adequado em todas as fases. O enfermeiro por sua vez, exerce um papel fundamental no pré, trans e pós-operatório com cuidados diretos ao paciente. Entretanto, especificamente no período pós-operatório, pode ser marcado pela instabilidade do quadro clínico do paciente, principalmente por se tratar de um período de cuidado crítico. A presença de fatores de risco e complicações no pós-operatório de cirurgia cardíaca, configuram-se como um desafio para os enfermeiros na área cardiovascular, o que justifica a realização desta investigação.
Dessa forma, ao conhecer os fatores de risco que tem associação com as complicações pós-operatórias, a equipe de enfermagem poderá realizar um dimensionamento de pessoal adequado e direcionar os cuidados àqueles com maior potencial para o desenvolvimento de danos maiores, reforçando a importância da elaboração de estratégias para o controle de agravos pós-cirurgia. Ao realizar esse planejamento, a equipe de enfermagem trará segurança para o paciente e melhor qualidade do cuidado, corroborando com a assistência de enfermagem na elaboração de protocolos com condutas sistematizadas, a fim de promover trabalho preventivo integrado ao tratamento clínico.
Diante da importância e complexidade do paciente submetido à cirurgia cardíaca, emergiu o seguinte questionamento: Qual a associação entre os fatores de risco e complicações pós-operatórias em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca? Assim, o presente estudo tem por objetivo identificar a associação entre os fatores de risco e as complicações pós-operatórias em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca.