Acreditação Hospitalar: a Excelência Como Fonte de Sofrimento Moral para Enfermeiros

9 de agosto de 2018 por filipesoaresImprimir Imprimir


A cultura da qualidade nos hospitais foi instituída no Brasil com a criação da Organização Nacional de Acreditação (ONA), em 1999. Para implementar a metodologia de acreditação são imprescindíveis planejamento estratégico, atualização de documentos, padronização de processos, implementação de manuais e protocolos, integração informacional, capacitação, enfoque em normas e rotinas e melhoria contínua. A acreditação é considerada como a busca da instituição pela excelência, sendo o meio pelo qual é reconhecida no que se refere à qualidade dos padrões de gestão e de assistência oferecidos.
Acreditação hospitalar: a excelência como fonte de sofrimento moral para enfermeiros

Acreditação hospitalar e o enfermeiro

O enfermeiro é fundamental no processo de acreditação, considerando sua atuação ininterrupta, ao expressivo quantitativo de profissionais e à formação acadêmica com enfoque em aspectos gerencias. Considerando a necessidade de burocratização dos processos na acreditação, enfermeiros assumem funções gerenciais nos níveis estratégicos, intermediários ou operacionais buscando alcançar certificações, o que o leva, em algumas situações, a distanciar-se do cuidado descaracterizando, assim sua prática.
Na vertente da Ética da Virtude, a prática é considerada uma atividade humana cooperativa, que possui bem interno a si própria que a diferencia das demais e que é concretizado na busca do indivíduo pelo alcance da excelência. Ademais, a prática é configurada pela legalidade (ethos burocrático) e pela ética (ethos profissional). O ethos burocrático exige uma prática que, para evitar a negligência, seja voltada para as leis. Já o ethos profissional, embora não abandone a legalidade, propõe a excelência com o enfoque nas pessoas.

Burocratização dos processos de acreditação

Considerando a burocratização dos processos de acreditação, bem como a necessidade de manutenção e sobrevivência da organização em contextos de escassez de recursos, é possível que ocorra o redirecionamento da prática do enfermeiro para o foco da legalidade e normas vigentes, buscando a “perfeição legal” e relegando a segundo plano, o ethos profissional. Tal situação descaracteriza a prática do enfermeiro, impedindo o alcance do bem interno.
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