O estudo teve o objetivo de validar os fatores de risco do diagnóstico de enfermagem Risco de suicídio [1] em idosos. Esta investigação seguiu os referenciais metodológicos da Psicometria, modelo de validação de diagnósticos de enfermagem e do modelo Integrado Motivacional-Volitivo do Comportamento Suicida.

Validação do Diagnóstico de Enfermagem Risco de Suicídio em Idosos. Foto: Divulgação.
Trata-se de uma pesquisa metodológica executada em três etapas: revisão integrativa da literatura, análise de conteúdo e validação clínica. A revisão integrativa subsidiou a identificação dos fatores de risco relacionados ao diagnóstico em estudo e a elaboração das definições constitutivas e operacionais. Posteriormente, realizou-se a análise de conteúdo dessas definições por uma amostra de 15 especialistas. Aplicou-se o teste binomial para verificar se a proporção de especialistas que consideraram cada fator de risco, definição constitutiva ou definição operacional como adequados foi igual ou superior a 0,85. O nível de confiança adotado foi de 5,0%. A validação clínica dos fatores de risco foi executada por meio de um estudo caso-controle, com amostra de 21 casos e 84 controles residentes no município de Recife-PE. O desfecho estudado foi a ocorrência da tentativa de suicídio. Os participantes foram localizados por meio da ficha de notificação de tentativa de suicídio fornecida pela Vigilância Epidemiológica, e por meio das Unidades de Saúde da Família do município de Recife – PE. Houve o pareamento quanto ao sexo, estado civil e distribuição geográfica.
Os dados foram coletados no período de novembro de 2016 a junho de 2017. Foram utilizados um questionário de caracterização sóciodemográfica, roteiro de avaliação dos fatores de risco elaborado a partir das definições operacionais, escalas de Depressão Geriátrica (GDS-15), Ideação suicida de Beck (BSI), Self-Reporting Questionnare (SRQ-20) e avaliação das Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD) de Lawton. Os fatores de risco foram dispostos em blocos hierárquicos de acordo com o Modelo Integrado Motivacional-Volitivo do Comportamento Suicida. Foram realizados testes de associação por meio do qui-quadrado e a medida da força de associação entre as variáveis pela Odds Ratio (OR).
Adotou-se como critério para a permanência das variáveis p<0,05. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco [2], com o CAAE: 47567415.3.0000.5208. Foram atendidos todos os aspectos éticos da Resolução nº 466/12, do Conselho Nacional de Saúde. A revisão integrativa evidenciou 54 fatores de risco, dos quais 23 não constam na taxonomia da NANDA-I. Os especialistas fizeram alterações gramaticais e sugeriram a retirada do fator de risco rigidez comportamental. Os demais itens foram validados como relevantes para o rastreio do diagnóstico de enfermagem Risco de Suicídio.
Um total de 28 fatores de risco foram validados clinicamente para uma triagem diagnóstica para risco de suicídio em idosos; destes, 17 não estão indexados na taxonomia da NANDA-I, são eles: ansiedade, hostilidade, incapacidade de expressar sentimentos, incapacidade de pedir ajuda, problemas econômicos, violência intrafamiliar, apatia, baixa autoestima, dependência funcional, fracasso, frustração, incapacidade funcional, infelicidade, tristeza, autonegligência, depressão e plano suicida. Recomenda-se a incorporação desses fatores de risco à taxonomia da NANDA-I para tornar o rastreio do diagnóstico mais preciso, o que favorece o planejamento de intervenções preventivas a esse evento adverso no contexto de idosos.