A transição do cuidado entre o hospital e o domicílio é um momento delicado, especialmente para pessoas idosas que convivem com doenças crônicas não transmissíveis [1]. Um estudo recente buscou entender melhor como essa etapa está sendo conduzida e quais são os desafios enfrentados nesse processo.

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O Estudo
A pesquisa foi do tipo observacional e transversal, envolvendo 105 idosos que passaram por uma internação hospitalar e retornaram para casa após a alta. Para avaliar a qualidade dessa transição, foi utilizado um instrumento específico chamado Care Transitions Measure (CTM [2]), amplamente reconhecido por medir a efetividade e segurança no processo de alta.
Principais Resultados
Os dados revelaram um cenário preocupante. O escore geral da qualidade da transição do cuidado foi considerado baixo, com uma média de 58,27 pontos (em uma escala de 0 a 100). Isso indica falhas importantes no preparo desses idosos e de seus familiares para continuar o tratamento em casa.
Entre os quatro domínios avaliados pelo CTM, o que obteve melhor desempenho foi o que considera a importância das preferências do paciente (61,64), mostrando que, de alguma forma, as escolhas dos idosos ainda são levadas em conta. Por outro lado, o plano de cuidados foi o item com pior avaliação, com escore médio de apenas 55,40 pontos, revelando fragilidades na organização e continuidade do tratamento após a alta.
Pontos Positivos e Negativos
Houve maior clareza e concordância em relação aos objetivos pós-alta, principalmente sobre os cuidados de saúde e uso de medicamentos. No entanto, os maiores problemas foram observados na explicação dos efeitos colaterais dos remédios, na compreensão sobre a responsabilidade pelo próprio cuidado e no entendimento das necessidades contínuas de saúde.
Conclusões e Caminhos para Melhorar
Os resultados mostram que a qualidade da transição do cuidado hospitalar para o domicílio ainda está aquém do ideal para os idosos com doenças crônicas. Isso reforça a importância de investir em estratégias eficazes de planejamento da alta hospitalar, com foco na comunicação clara, educação do paciente e suporte contínuo após o retorno para casa.
Afinal, garantir uma transição bem feita é fundamental para evitar complicações, novas internações e, acima de tudo, promover a autonomia e o bem-estar dessas pessoas.