Você já parou para pensar como raça, cor e gênero influenciam diretamente nos salários de profissionais da Enfermagem no Brasil? Um estudo recente trouxe à tona dados impressionantes sobre as disparidades salariais na categoria – e propôs uma forma inovadora e visual de entendê-las: o Relógio dos Privilégios.

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O que foi analisado?
A pesquisa analisou mais de 9 milhões de registros formais de emprego de profissionais da Enfermagem, coletados entre 2013 e 2022 por meio da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS [1]). O objetivo foi claro: entender como raça/cor e gênero se cruzam para impactar os salários desses trabalhadores.
E o que os dados revelam?
O resultado é alarmante, mas infelizmente não surpreendente: mulheres negras ocupam o grupo com maior desvantagem salarial. Em comparação, homens brancos, mulheres brancas e homens negros recebem mais – e precisam trabalhar menos tempo para alcançar os mesmos rendimentos que as mulheres negras.
Apesar de uma leve melhora ao longo do tempo, principalmente para homens (brancos e negros), a diferença salarial ainda é significativa – e persistente.
Uma nova forma de enxergar o problema: o Relógio dos Privilégios
Para facilitar a compreensão desses dados, os autores criaram o Relógio dos Privilégios – uma ferramenta visual que transforma os números em tempo de trabalho. Com ele, é possível ver claramente quanto cada grupo precisa trabalhar para atingir o mesmo valor de remuneração. A ideia é simples, mas poderosa: traduzir desigualdade em tempo de vida.
Por que isso importa?
Entender essas desigualdades é o primeiro passo para enfrentá-las. O Relógio dos Privilégios vai além da análise técnica e busca mobilizar reflexões e ações concretas. Ao mostrar como o tempo de trabalho varia entre os grupos, ele provoca uma pergunta importante: até quando vamos aceitar essas diferenças?
Esse estudo não apenas evidencia uma realidade injusta, mas também propõe uma nova forma de conscientizar e engajar trabalhadores, gestores e sociedade na luta por equidade salarial dentro da Enfermagem [2] – e em outras profissões também.