Com o avanço da idade, é natural que o corpo humano apresente alterações que podem levar ao aumento das hospitalizações entre idosos. Dentre os problemas de saúde mais comuns nessa fase da vida, a anemia se destaca, afetando entre 25% e 63% dos idosos internados em estabelecimentos de cuidados prolongados. Para tratar essa condição, a transfusão de sangue e seus componentes é uma das terapias mais indicadas. No entanto, apesar dos benefícios, esse procedimento não está isento de riscos, especialmente devido às reações transfusionais que podem ocorrer.
Diante desse cenário, surge a necessidade de aprimorar a assistência de enfermagem direcionada a idosos em processo de hemotransfusão. Mas como isso pode ser feito? E quais são os principais desafios enfrentados pelos profissionais de saúde nesse contexto?
O Estudo: Objetivos e Metodologia
Um estudo recente, conduzido em três etapas, buscou responder a essas perguntas e desenvolver uma solução tecnológica para auxiliar a equipe de enfermagem. Os objetivos incluíram:
- Criar um recurso tecnológico para apoiar a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE [1]) a idosos em hemotransfusão.
- Realizar uma revisão integrativa sobre a assistência de enfermagem a idosos hospitalizados em processo de transfusão sanguínea.
- Identificar as percepções da equipe de enfermagem sobre os cuidados prestados a esses pacientes em um hospital de emergência e trauma no agreste paraibano.
- Desenvolver um aplicativo que facilite a SAE para idosos em hemotransfusão.
A metodologia adotada foi multi-métodos, envolvendo uma revisão integrativa da literatura, uma pesquisa de campo com enfermeiros e técnicos de enfermagem, e o desenvolvimento de um aplicativo baseado nos dados coletados.
Principais Descobertas
A revisão integrativa permitiu identificar 12 tipos de complicações transfusionais mais frequentes em idosos, divididas em duas categorias:
- Complicações relacionadas a cirurgias
- Complicações não relacionadas a cirurgias
Já a pesquisa de campo revelou três grandes desafios enfrentados pela equipe de enfermagem:
- Falta de recursos humanos na equipe médica e de enfermagem.
- Condições fisiológicas e de saúde específicas dos idosos, que exigem cuidados diferenciados.
- Deficiência no conhecimento da equipe sobre transfusão sanguínea em idosos.
Além disso, foram apontadas fragilidades como a dificuldade em reconhecer interações entre medicamentos e hemocomponentes, a frequência inadequada de verificação dos sinais vitais durante a transfusão, e a identificação tardia de reações transfusionais.
A Solução Tecnológica: Um Aplicativo para Facilitar a SAE
Com base nessas descobertas, foi desenvolvido um aplicativo que visa auxiliar os profissionais de enfermagem no cuidado a idosos em hemotransfusão [2]. A ferramenta oferece informações detalhadas sobre o processo transfusional, facilita a identificação de reações adversas e apoia a Sistematização da Assistência de Enfermagem, garantindo um atendimento mais seguro e eficiente.
Considerações Finais
Os resultados desse estudo destacam a importância de investir em recursos que aprimorem a assistência de enfermagem a idosos, especialmente em procedimentos complexos como a hemotransfusão. O aplicativo desenvolvido representa um avanço significativo, pois não apenas aborda as lacunas identificadas, mas também promove uma prática mais segura e baseada em evidências.
Em um contexto em que o envelhecimento da população é uma realidade global, iniciativas como essa são essenciais para garantir que os idosos recebam cuidados de qualidade, minimizando riscos e melhorando sua qualidade de vida durante a hospitalização.