Você sabia que os próprios usuários dos serviços de saúde podem ajudar a identificar riscos e melhorar a segurança no atendimento? Pensando nisso, um grupo de pesquisadores desenvolveu um instrumento específico para avaliar a qualidade e a segurança do paciente na Atenção Primária à Saúde (APS [1]), com base na perspectiva dos próprios pacientes. Neste post, explicamos as etapas desse processo e os resultados que validam a confiabilidade desse novo questionário.

Etapas de desenvolvimento
A pesquisa seguiu um rigoroso caminho metodológico, dividido em seis fases:
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Identificação dos principais incidentes de segurança que ocorrem com mais frequência na Atenção Primária.
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Elaboração do instrumento com base nas categorias desses incidentes.
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Validação de conteúdo, com a participação de especialistas para verificar se os itens realmente representavam os conceitos pretendidos.
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Validação semântica, para garantir que o questionário fosse compreensível para o público-alvo.
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Revalidação de conteúdo, refinando os itens com base em sugestões e resultados preliminares.
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Análise fatorial exploratória, uma técnica estatística que ajuda a identificar os agrupamentos de itens mais coerentes dentro do instrumento.
Principais resultados
O questionário passou por duas rodadas de avaliação com especialistas e mostrou excelentes índices de qualidade:
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Índice de validade de conteúdo: 0,869
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Coeficiente de correlação intraclasse (CCI): 0,982
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Alfa de Cronbach (consistência interna): 0,985
Esses números indicam que o instrumento é altamente confiável e bem estruturado.
Além disso, após a análise fatorial, o questionário foi refinado para 26 itens distribuídos em seis fatores, o que demonstra sua clareza e organização. Os testes estatísticos também confirmaram sua robustez, com:
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Kaiser-Meyer-Olkin (KMO): 0,740
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Teste de esfericidade de Bartlett: p < 0,001
Conclusão
O novo instrumento se mostrou adequado para avaliar a segurança do paciente a partir da visão dos usuários da Atenção Primária. Isso significa que ele pode ser uma ferramenta essencial para identificar riscos, implementar melhorias e promover o engajamento dos pacientes no cuidado com sua própria saúde.
Esse avanço reforça a importância de ouvir quem realmente utiliza os serviços de saúde e abre espaço para práticas mais seguras, humanas e eficientes no SUS.