Como foi desenvolvido e validado um instrumento para avaliar a segurança do paciente na Atenção Primária sob a ótica do usuário.
Você sabia que os próprios usuários dos serviços de saúde podem ajudar a identificar riscos e melhorar a segurança no atendimento? Pensando nisso, um grupo de pesquisadores desenvolveu um instrumento específico para avaliar a qualidade e a segurança do paciente na Atenção Primária à Saúde (APS), com base na perspectiva dos próprios pacientes. Neste post, explicamos as etapas desse processo e os resultados que validam a confiabilidade desse novo questionário.
A pesquisa seguiu um rigoroso caminho metodológico, dividido em seis fases:
Identificação dos principais incidentes de segurança que ocorrem com mais frequência na Atenção Primária.
Elaboração do instrumento com base nas categorias desses incidentes.
Validação de conteúdo, com a participação de especialistas para verificar se os itens realmente representavam os conceitos pretendidos.
Validação semântica, para garantir que o questionário fosse compreensível para o público-alvo.
Revalidação de conteúdo, refinando os itens com base em sugestões e resultados preliminares.
Análise fatorial exploratória, uma técnica estatística que ajuda a identificar os agrupamentos de itens mais coerentes dentro do instrumento.
O questionário passou por duas rodadas de avaliação com especialistas e mostrou excelentes índices de qualidade:
Índice de validade de conteúdo: 0,869
Coeficiente de correlação intraclasse (CCI): 0,982
Alfa de Cronbach (consistência interna): 0,985
Esses números indicam que o instrumento é altamente confiável e bem estruturado.
Além disso, após a análise fatorial, o questionário foi refinado para 26 itens distribuídos em seis fatores, o que demonstra sua clareza e organização. Os testes estatísticos também confirmaram sua robustez, com:
Kaiser-Meyer-Olkin (KMO): 0,740
Teste de esfericidade de Bartlett: p < 0,001
O novo instrumento se mostrou adequado para avaliar a segurança do paciente a partir da visão dos usuários da Atenção Primária. Isso significa que ele pode ser uma ferramenta essencial para identificar riscos, implementar melhorias e promover o engajamento dos pacientes no cuidado com sua própria saúde.
Esse avanço reforça a importância de ouvir quem realmente utiliza os serviços de saúde e abre espaço para práticas mais seguras, humanas e eficientes no SUS.