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Processo de Enfermagem Informatizado Em Uma Instituição Oncológica: Etapas de Construção e Validação

A jornada de informatização do Processo de Enfermagem no Centro de Pesquisas Oncológicas (CEPON [1]) começou em 2015. Três anos depois, em 2018, a equipe percebeu a necessidade de revisar o suporte teórico presente nos registros eletrônicos do Histórico de Enfermagem. Foi a partir dessa necessidade que nasceu um estudo voltado à construção e validação semântica, por consenso, desses registros eletrônicos – um passo essencial para qualificar a prática e a documentação do cuidado de enfermagem.

Foto: Portal do Governo do Estado de Rondônia.

O que o estudo se propôs a fazer?

O principal objetivo foi desenvolver e validar, com apoio de especialistas, o conteúdo do instrumento chamado “Histórico de Enfermagem”, utilizado no sistema eletrônico do CEPON. A proposta era garantir que os registros fossem consistentes, baseados em teoria, e úteis para nortear o raciocínio clínico dos profissionais.

Como foi feito o processo de construção e validação?

O estudo seguiu uma abordagem metodológica e descritiva, com base na Teoria de Elaboração de Instrumental Psicológico, proposta por Pasquali. Os dados foram coletados tanto nos registros do setor de Tecnologia da Informação quanto nos relatos da pesquisadora responsável pela implementação do sistema eletrônico no CEPON.

Para desenvolver e validar semanticamente os registros, foram realizadas revisões de literatura, oficinas de capacitação e testes piloto com os enfermeiros da instituição. Ao longo desse processo, 62 enfermeiros participaram ativamente, e cinco versões do Histórico de Enfermagem foram desenvolvidas até chegar à versão final.

O que a versão final do histórico inclui?

A quinta e última versão do instrumento passou a contemplar cinco domínios principais:

  1. Requisitos de Autocuidado Universal e por Desvio de Saúde

  2. Requisitos de Autocuidado Desenvolvimentais

  3. Déficit de Autocuidado

  4. Requisitos de Autocuidado por Desvio de Saúde

  5. Sistemas de Enfermagem

Ao todo, essa estrutura organizou 90 itens e 568 subitens, com base nas taxonomias da NANDA-I [2] (North American Nursing Diagnosis Association), que sustentam o diagnóstico, os resultados e as intervenções de enfermagem.

E como foi feita a validação com os experts?

Para validar os conteúdos, oito enfermeiros doutores com expertise em Processo de Enfermagem e nas teorias de Orem (Autocuidado) ou Peplau (Relações Interpessoais) foram convidados via Plataforma Lattes. Eles avaliaram o instrumento com base em cinco critérios:

A avaliação foi feita por meio de formulário no Google Forms, utilizando uma escala Likert de 4 pontos. Os dados foram coletados entre março e maio de 2019.

Quais foram os resultados da validação?

Os resultados demonstraram alta concordância e consistência interna dos conteúdos:

Os itens que não atingiram o mínimo necessário de concordância (IVC ≥ 0,8) foram revisados com base nas sugestões dos especialistas. A versão final pós-validação resultou em 90 itens e 588 subitens.

Por que isso é importante para a enfermagem oncológica?

O produto desenvolvido – os registros eletrônicos do Processo de Enfermagem – representa uma tecnologia inovadora, composta por dados integrados em um sistema de gestão em saúde. Essa ferramenta não apenas organiza e padroniza a documentação de enfermagem, como também fortalece a prática baseada em evidências, oferecendo suporte teórico para decisões clínicas mais seguras e efetivas.

Em resumo, construir, testar e validar instrumentos como esse qualifica os registros de enfermagem e contribui significativamente para um cuidado mais estruturado, individualizado e cientificamente fundamentado, especialmente em contextos complexos como o da oncologia.

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