Você já parou para pensar como os profissionais de enfermagem lidam com os casos de Síndrome Coronariana Aguda (SCA [1]) nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs)? Um estudo recente teve exatamente esse foco: identificar os principais cuidados de enfermagem prestados a esses pacientes e, a partir disso, desenvolver um Procedimento Operacional Padrão (POP [2]) que sirva de guia para esses atendimentos.

Como foi feito o estudo?
A pesquisa foi conduzida em unidades de pronto atendimento de um município localizado no Vale do Itajaí, em Santa Catarina. A coleta de dados aconteceu entre janeiro e abril de 2019 e contou com a participação de 19 enfermeiros atuantes nesses serviços.
O trabalho seguiu os princípios da pesquisa metodológica e utilizou o modelo do Design Instrucional Contextualizado, dividido em duas etapas principais:
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Análise: Nessa fase, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com os enfermeiros, além de uma revisão narrativa da literatura sobre o tema.
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Desenvolvimento: Com base nas entrevistas e nas evidências encontradas na literatura, foi elaborado um Procedimento Operacional Padrão para nortear o atendimento de enfermagem a pacientes com SCA.
O que os enfermeiros relataram?
A análise das entrevistas permitiu identificar os principais sinais e sintomas observados, bem como as condutas adotadas no atendimento. Entre os cuidados mais citados pelos profissionais estão:
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Realização de eletrocardiograma (ECG);
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Limitação de esforços físicos;
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Estabilização do paciente na sala de emergência;
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Monitorização cardíaca;
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Acesso venoso e administração de medicações;
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Coleta de exames laboratoriais;
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Controle rigoroso dos sinais vitais.
Além disso, os enfermeiros destacaram pontos que precisam ser aprimorados, como os registros de enfermagem, a transferência segura do paciente para o centro de referência e a necessidade constante de treinamentos específicos.
Desafios na classificação de risco
Outro aspecto importante do estudo foi a análise das ferramentas e práticas usadas no acolhimento e na classificação de risco. Os participantes apontaram dificuldades para classificar adequadamente os pacientes com SCA, principalmente pelo fato de que a dor torácica — principal sintoma de alerta — é subjetiva e pode ter múltiplas causas.
Eles reforçaram a importância de considerar outros fatores, como comorbidades, sinais vitais e manifestações clínicas. Também foi mencionado que, muitas vezes, a falta de padronização faz com que cada profissional conduza o atendimento de acordo com sua própria experiência ou conhecimento prévio, o que pode comprometer a uniformidade e a segurança do cuidado.
Por que o Procedimento Operacional Padrão é tão importante?
A elaboração de um POP surgiu como uma resposta direta às necessidades identificadas pelos profissionais durante o estudo. Ele visa padronizar os cuidados, apoiar a tomada de decisões clínicas e garantir mais segurança e qualidade no atendimento ao paciente com SCA.
A pesquisa mostra que, apesar dos desafios enfrentados, os enfermeiros estão comprometidos em oferecer um cuidado eficaz, e reconhecem a importância de ferramentas que os auxiliem na prática diária — especialmente em contextos de urgência e emergência, onde o tempo e a precisão são fundamentais.
Conclusão
Este estudo destaca não apenas a complexidade envolvida no atendimento à Síndrome Coronariana Aguda nas UPAs, mas também a importância de investir na formação contínua dos profissionais e na construção de instrumentos padronizados de cuidado. O Procedimento Operacional Padrão desenvolvido a partir dessa pesquisa é um passo importante para garantir um atendimento mais seguro, sistematizado e eficiente aos pacientes.