Nesta segunda-feira (6/5), a Fiocruz instalou uma sala de situação interna [1] para apoiar as ações do Centro de Operações de Emergência (COE) do Ministério da Saúde (MS) relativas ao desastre que afeta a região sul. A atuação pretende contribuir com ações emergenciais e estruturantes no campo da saúde, a partir das experiências acumuladas da instituição no enfrentamento a emergências e desastres [2]. O pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), Carlos Machado, indicado pela Presidência da Fundação como membro do Centro de Operações de Emergências para Situação de Chuvas Intensas e Inundações na região Sul (junto com o também pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde [Icict/Fiocruz], Cristovam Barcellos), ressalta que neste momento os esforços devem ser concentrados no resgate e respostas imediatas para salvar vidas, porém, a intensidade e extensão do desastre expõe o desafio de melhor organizar os sistemas de preparação e respostas, conectado aos processos de recuperação e reabilitação das condições de vida e saúde.
“Para isso, será necessário que as políticas de reconstrução sejam baseadas nos princípios de reconstruir de modo melhor e seguro, evitando que os cenários de riscos presentes neste desastre sejam simplesmente reconstruídos do mesmo modo. Simultaneamente, mas do que nunca, é necessário e urgente reverter os quadros de degradação ambiental que contribuem para intensificar a acelerar as mudanças climáticas e os eventos extremos”, reforça Macahdo, que também é integrante da Câmara Técnica de Assessoramento em Emergências em Saúde Pública do MS e do Grupo de Trabalho da Fiocruz sobre a Emergência no Rio Grande do Sul, além de coordenador do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde (Cepedes) da Ensp/Fiocruz.
Nesta perspectiva, a Ensp/Fiocruz vem atuando para subsidiar o Sistema Único de Saúde (SUS) na desafiadora tarefa de desenvolver planos de preparação e resposta para emergência em saúde pública por desastres. A publicação Desastres naturais e saúde no Brasil [3], organizada pelo Cepedes da Ensp/Fiocruz em parceria com o Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS), traz orientações frente ao grande desafio que significam os desastres para o setor da saúde e para os países que enfrentam processos sociais de urbanização acelerada e não planejada e mudanças ambientais que determinam vulnerabilidade socioambiental. Já o Guia de Preparação e Respostas do Setor Saúde aos Desastres [4] traz informações e conceitos que ajudam a compreender o que é importante saber para reduzir os riscos de desastres. A publicação inclui dados sobre os relatórios de segurança de barragens, os mapas de distribuição e a classificação de risco.
Além disso, há o material Orientações para Gestão de Riscos de Desastres e Emergências em Saúde Pública: Abordagem Integrada, Atenção Primária e Vigilância em Saúde [5], organizado com o objetivo de subsidiar a adoção de estratégias e ações do setor saúde, a partir de diferentes experiências, arranjos, dispositivos e inovações como parte integrante de processos que estruturam a Gestão de Riscos de Desastres e Emergências no âmbito da Saúde. O documento reforça a importância da integração entre a Atenção Primária à Saúde (APS) e Vigilância em Saúde (VS) em nível local e comunitário, de modo articulado e sistêmico com políticas, estratégias e ações na esfera municipal no âmbito do SUS.
O coordenador do Cepedes cita também a questão dos custos dos desastres naturais para os estabelecimentos de saúde. O artigo Desastres naturais e seus custos nos estabelecimentos de saúde no Brasil [6] aponta que desastres naturais resultam em impactos na saúde das populações, danos aos estabelecimentos de saúde e, em situações extremas, colapso dos sistemas de saúde. O objetivo do artigo é analisar os impactos e custos econômicos dos desastres naturais sobre os estabelecimentos de saúde, identificando tipos mais frequentes e de maior custo.
Já o artigo Enchentes e saúde pública: causas, consequências e respostas para prevenção e mitigação [7], aponta que as enchentes são os desastres naturais com maior frequência e afetam a vida de aproximadamente 102 milhões de pessoas a cada ano, principalmente nos países em desenvolvimento e em grandes centros urbanos, com tendência de aumento nas próximas décadas. O estudo oferece subsídios para melhor compreensão destes eventos, através dos resultados e experiências encontrados na literatura científica recente.